Por Rogéria Araujo – Rede Jubileu Sul Brasil
Organizações e movimentos sociais de várias partes do mundo estão em total solidariedade e atentas ao julgamento de 11 camponeses acusados sem provas pela morte de seis policiais, no caso que ficou conhecido como o Massacre de Curuguaty, ocorrido no Paraguai, em junho de 2012. O julgamento teve início na segunda-feira (27), mas a pedido da defesa dos camponeses foi suspenso e continuará no próximo dia 3 de agosto.
Considerado um dos conflitos agrários mais fortes nos últimos anos, o caso Curuguaty retrata a impunidade e abuso da força policial. Na ocasião, os/as camponeses/as defendiam sua permanência no assentamento Marina Kue, cuja posse de terreno foi reivindicada pela família Riquelme, uma das mais ricas do país. Com ordem de despejo policial, questionável, foi acionada e ocorreu o conflito que deixou 11 camponeses e 6 policiais mortos. Para isso foram convocados 300 policiais, um efetivo excessivo. Vale lembrar que poucos dias depois, o então presidente Fernando Lugo foi destituído do cargo de presidente, num golpe de estado claramente orquestrado.
Neste três anos, 11 adultos e 2 adolescentes permanecem presos aguardando julgamento, sem os amparos legais de defesa garantidos ao longo desses anos, já que não houve nenhum tipo de investigação. Os movimentos, sobretudo os camponeses, reivindicam também a resolução sobre o terreno que já havia sido destinado para a reforma agrária.
A rede Jubileu Sul Brasil, Jubileu Sul/América e Diálogo 2000 se solidarizam com a luta do povo camponês e contra o abuso policial e pedem justiça no julgamento do caso. Para o Diálogo 2000, “trata-se de um caso emblemático da violação integral de direitos, desde o modelo de produção que torna impossível uma justa distribuição de terra e a riqueza, condenando a maioria ao empobrecimento e insegurança total”.
O Serviço Paz e Justiça América Latina (Serpaj-AL) manifestou preocupação, pois o fato representa um sinal claro de “dilatação e parcialidade” com que a justiça paraguaia vem trabalhando. “Não podemos deixar de falar da inexistente proteção judicial no caso de denúncias apresentadas por ameaças, detenções arbitrárias e represálias aos camponeses que não se encontram privados de liberdade”.
A Coordenadoria de Direitos Humanos do Paraguai (Codehupy) está acompanhando todo o processo de julgamento que ocorre em Assunção. Até o dia três vários cartazes estarão circulando pelas redes sociais pedindo justiça e denunciando as irregularidades dos fatos envolvendo os camponeses acusados.
Para acompanhar:
https://www.facebook.com/codehupy?fref=ts