O mito do Brasil potência ainda atua como cortina de fumaça e impede um verdadeiro crescimento socioeconômico no país.
Em 2013 o Brasil teve o último superávit primário. Desde então, o modelo parece ter falido e nenhum outro foi colocado no lugar. Historicamente o país está sempre na contramão de avanços sociais, políticos e econômicos. Temos a herança de um passado colonial que ainda parece longe de ser superado.
Atualmente, para resolver o déficit primário que nos acompanha nos últimos oito anos sem tréguas, um caminho possível seria tributar as grandes fortunas. Como fazer isso quando grande parte da fortuna de brasileiros e brasileiras não está no país?
A Revista Piauí, em matéria publicada em fevereiro de 2021 – Os 300 de Luxemburgo – denuncia que naquele paraíso fiscal, brasileiros ou residentes no Brasil são beneficiários de empresas cujos ativos somam em torno de 723 bilhões de reais.
A constatação deixa evidente que nesses casos não há evasão ou exportação de capitais, e sim fuga através, por exemplo, de compras de imóveis em paraísos fiscais. É com essa elite que a população sem acesso ao mínimo necessário para sobreviver está disputando o pão nosso de cada dia.
No passado, o Plano Real já trazia no seu bojo a necessidade do endividamento. Também já apresentava as privatizações como “remédio” para tal endividamento.
A dívida que estava em 200 bilhões em 2001, alcançou em 2020 a cifra de 620 bilhões. Como os credores do Fundo Monetário Internacional (FMI) são os bancos privados, esse sistema alimenta um mecanismo de conversão automática de dívida externa em dívida interna, aumentando exponencialmente esta última.
Diante do atual cenário econômico agravado com a pandemia de Covid-19 é preciso colocar luz em desafios que não podemos mais evitar. Como resolver a questão da taxação das grandes fortunas que estão fora do país? Como quebrar a visão hegemonia que afirma não termos problema com a dívida interna? Quem são os devedores dessa dívida e que disfarces estão usando para evitar que sejam descobertos?
A continuarmos nos marcos de um Estado subalterno como o Brasil, não temos saídas. O governo federal não tem uma proposta de política econômica, seu ministro da economia, Paulo Guedes, é um oportunista. Bolsonaro se ocupa apenas da defesa de seus interesses pessoais e já é possível, inclusive, ver o descontentamento do setor financeiro com a falta de projeto desse governo marcado por todo tipo de retrocesso.
As instituições continuam a funcionar normalmente e, ao contrário do que se pensa, isso não oferece ao país a segurança de que vivemos uma democracia estável; tão somente ajuda a legitimar as atitudes genocidas desse governo que conta com a cumplicidade da mídia, tendo como plateia uma combalida esquerda que segue apostando na institucionalidade.
Talvez a saída revolucionária (como diria Che) seja formar novas pessoas. É preciso enfrentar as crises para reencontrar o caminho que pode colocar a Revolução de volta no horizonte.
A vida acima da dívida e do lucro!
Somos Credores!
Rede Jubileu Sul Brasil, 26 de Abril de 2021