Foram apresentadas diversas iniciativas da Igreja em prol da vida humana e da natureza. Na questão da ‘terra’ os pontos com maior incidência foram os conflitos no campo envolvendo assassinatos e torturas, ausência do poder público no combate a violência no campo, ameaças aos povos indígenas, e desapropriação indevida de terra em benefício de grandes latifúndios.
Por Henrique Cavalheiro | Conselho Pastoral dos Pescadores
Na tarde desta quinta-feira (2/3) do Seminário Nacional “O Brasil que temos”, das Pastorais Sociais e 6ª Semana Social Brasileira (6ªSSB), foi apresentado as percepções do Brasil da atualidade para construção de ações para o Brasil que queremos. Na mesma oportunidade, Karina Pereira da Silva, da coordenação e secretaria do Grito dos/as Excluídos/as destacou elementos da mobilização nacional do Grito e sua preparação para a edição em 2023. Além da divulgação do curso on-line “Mutirão pelo Brasil que queremos: o Bem Viver dos povos”, disponível no site da 6ª SSB. O Seminário ocorre na Casa de Encontros Dom Luciano Mendes de Almeida, em Brasília, até sexta-feira (3/3), e reúne diversos religiosos e membros de pastorais sociais e movimentos populares.
Foi apresentado um perfil do Brasil que temos, baseado nos casos de violações dos direitos Humanos e da Natureza relacionadas à terra, teto e trabalho. Painel construído ao longo dos trabalhos da 6ª SSB. O relatório foi evidenciado por Alessandra Miranda, secretária executiva da 6ª SSB.
O processo de escuta para aferir o real Brasil da atualidade nas comunidades passou por mutirões de formação, diálogo com diferentes atores da sociedade, por meio da missão da Igreja, com seminários de articulação e com a presença e troca de experiências de pessoas e histórias.
Além disso, um questionário foi divulgado e as respostas das pastorais, comunidades e movimentos populares foram acolhidas e decupadas. Surge aí um relatório capaz de demonstrar, ao menos um tanto, “o Brasil que temos”. O interesse desta ação foi identificar as violações de direitos humanos relacionados à terra, trabalho e teto.
Conflitos identificados em cada eixo
Na questão da ‘terra’ os pontos com maior incidência foram os conflitos no campo envolvendo assassinatos e torturas; Ausência do poder público no combate a violência no campo; Ameaças aos povos indígenas; e desapropriação indevida de terra em benefício de grandes latifúndios.
No que diz respeito ao ‘teto’ foram identificados os despejos urbanos com uso de violência; moradias precárias; descontinuidade de programa de políticas públicas de moradias; contratos de aluguel abusivos, especialmente com imigrantes; e situação de insalubridade que vivem os catadores.
Por fim, no eixo do ‘trabalho’ foi levantada a precarização do trabalho, renda baixa; Ambiente de trabalho precário; Subemprego; Trabalho escravo; Perda de direitos dos trabalhadores; Ausência de seguridade social, fome e insegurança alimentar; e altos índices de desemprego.
“Dentro das percepções, muitas das violações contra comunidades estão legitimadas pelo Estado. Existem mecanismos de violação do Estado que não conversam com os mecanismos de proteção do Estado. Identificamos que os 3 T’s são convergentes. Quem vive uma das violação, vive todas”, disse Alessandra Miranda.
Com o cenário construído, surge a pergunta: Qual é o Brasil que queremos?. É de suma importância que este conteúdo seja sistematizado e apresentado nas comunidades e nas grandes ações de articulação pelo país. “Trazer os elementos e o que temos pela frente e pensarmos juntos em como fechar este ciclo”, completou Miranda.
Curos on line: “Mutirão pelo Brasil que queremos: o Bem Viver dos povos”.
Foi apresentado aos participantes, o curso on-line com o tema “Mutirão pelo Brasil que queremos: o Bem Viver dos povos”, que está disponível no site da 6ª SSB. Para iniciar a formação, basta clicar no link e assistir às aulas. O curso é dividido em 6 módulos que aprofundam as temáticas: Terra, Teto, Trabalho, Democracia, Economia e Soberania.
Cada módulo possui quatro aulas de aproximadamente 50 minutos. CLIQUE AQUI e tenha acesso ao material.
Grito dos Excluídos
A proposta do Grito dos Excluídos e Excluídas surgiu em 1994, a partir do processo da 2ª Semana Social Brasileira. Movimentos sociais, pastorais e centrais sindicais, se unem todos os anos para o tradicional Grito dos Excluídos, mobilização que acontece em todo o país no dia 7 de setembro, dia da Independência do Brasil. No Seminário foi apresentado as tratativas e as preparações que já estão ocorrendo na preparação do Grito dos Excluídos em 2023.
Filme “A Carta”: uma mensagem para nossa Terra
Membros do Movimento Laudato Si’ apresentaram o documentário “A Carta”, disponível gratuitamente no YouTube, que foi produzido pela equipe “Off the Fence”, vencedora de um Oscar, em colaboração com os Dicastérios para a Comunicação e para a Promoção do Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
O filme conta a história das viagens de vários líderes ambientais a Roma para discutir a encíclica Laudato Si’ com o Papa Francisco. Explora questões como direitos indígenas, migração climática e liderança jovem no contexto da ação pelo clima e a natureza. Oportunidade de pensar o poder da humanidade para deter a crise ecológica.
Nesta 6ª edição da SSB – iniciada em 2020 e segue até 2023 – o tema pautado é o “Mutirão pela Vida: por Terra, Teto e Trabalho e os eixos: Democracia, Economia e Soberania”, e com a proposta da construção do Projeto Popular “O Brasil que queremos: o Bem Viver dos povos”, a partir dos acúmulos das cinco edições anteriores. O Seminário irá até sexta-feira (3/3).