Por CEBI
A leitura da Bíblia a serviço da liberdade e na defesa dos direitos das mulheres nos impõe a não aceitar que a decisão sobre a vida das mulheres violentadas seja conduzida por homens com seus poderes muitas vezes pagos e por interesses moralistas e religiosos.

A pergunta que fazemos: quem está a defender a PEC 181 (que tende a proibir a interrupção da gravidez nos casos em que já é legal, sendo: estupro, anencefalia e risco de morte para a mãe) em algum momento escutou o choro de quem sofreu a violência em seus corpos?

A aprovação de tal PEC cai na armadilha moral de livrar quem pratica violência e culpabilizar as mulheres com seus corpos machucados, violentados, abusados (ab-usados).
Tal situação nos remete à condição de muitas mulheres na Bíblia, prisioneiras de uma sociedade e de sua religião androcêntrica, patriarcal, sacrificial, violenta e culpabilizadora, através da teologia de pecado. Sacerdotes, juízes, reis, pais, maridos e irmãos decidiam sobre a vida e o corpo das mulheres.
A mulher do levita, em Jz 19, é uma das memórias das mulheres numa sociedade que não escuta as vozes da margem. Ela foi violentada, estuprada, morta. As marcas da violência em seu corpo são a prova de quem, com as forças que teve, lutou e ousou se rebelar. Sua morte na porta da casa é memória dessa luta. E sinal de que não deram a ela o simples direito de decidir.
É imprescindível que as mulheres possam participar das decisões sobre seus corpos, seus passos e seu futuro. Em nome da fé em Jesus Cristo, o CEBI e o dinamismo da leitura da Bíblia a partir dos pobres e marginalizados/as da sociedade vêm a interpelar que a luta das mulheres por dignidade e a liberdade prevaleça sobre moralismos e aprisionamentos.
Direção Nacional do CEBI.

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