O genocídio da juventude negra invisibilizada pelas lentes da grande mídia, o modelo de organização do Estado que está a serviço da burguesia e o monopólio dos meios de comunicação estamparam faixas e cartazes das manifestações que ocuparam, nesta segunda-feira, 7 de Setembro, as ruas do país dentro da programação do Grito dos Excluídos e Excluídas 2015.
Os movimentos que compõem o Grito reconhecem os avanços sociais na última década, mas ressaltam que a onda de retrocesso em curso no Congresso Nacional, que tem afetado os direitos da classe trabalhadora como um todo, é o modelo de desenvolvimento que alimenta a burguesia, que extermina os povos das comunidades tradicionais, os jovens negros e pobres das periferias, violenta nossas mulheres e crianças e inviabiliza as relações em nossos territórios.
Com esta edição, o Grito dos Excluídos e Excluídas mais uma vez se afirma como um processo, como uma alternativa viável para todos e todas que são atingidos cotidianamente por injustiças e que lutam por seus direitos. Hoje, 7 de Setembro de 2015, foi um ponto culminante das manifestações populares, que desde o dia 01 de setembro ocupam ruas, avenidas e praças pelo Brasil. E elas não param aí. Movimentos populares em diversas cidades realizarão seus Gritos por justiça social e direitos ao longo da próxima semana e dos próximos meses. Assim vai se fortalecendo o processo de mobilização, de organização popular, reivindicando a dignidade da pessoa humana e fazendo soar ainda mais forte o tema da maior manifestação popular do Brasil: Vida em primeiro lugar. Em tempos difíceis, o Grito é pura resistência. É pura rebeldia!

Balanço preliminar enviado pelas coordenações locais até o início da tarde.

SP
Em São Paulo na capital, cerca de 10 mil pessoas saíram em caminhada da Praça Oswaldo Cruz, passaram pela Assembleia Legislativa de São Paulo e seguiram rumo ao Monumento das Bandeiras no Parque do Ibirapuera. Já na
Praça da Sé, cerca de 300 pessoas de movimentos populares, pastorais e centrais sindicais se reuniram em um ato que lembrou a morte de Francisco Lima, morador de rua que foi morto na última sexta-feira (4), ao tentar defender uma mulher que era mantida refém nas escadarias da igreja. Luiz Antônio da Silva, que mantinha a refém, também foi morto na ação pela Polícia Militar. Os manifestantes terminaram o ato com um abraço simbólico à catedral, lembrando que os mortos dali são vítimas do mesmo sistema.
Em Aparecida, no Vale do Paraíba, cerca de 10 mil pessoas participaram no Santuário Nacional de Aparecida neste dia 7. Os militantes reivindicaram maior participação popular, a democratização da mídia.
Em Sorocaba, interior de SP, aconteceu no dia de ontem, sábado (5), um debate e teve como objetivo motivar a retomada das ações do Grito dos Excluídos na cidade. Viver com dignidade, saúde, segurança pública, educação, trabalho decente, acesso à água e informação de qualidade foram temas debatidos por jovens da Pastoral do Menor e da Pastoral da Juventude, no Centro Arquidiocesano de Pastoral, em Sorocaba-SP. Ainda houve um forte questionamento sobre a grande mídia por sempre apresentar os jovens pobres, negros, indígenas, etc. como pessoas violentas e ligadas ao crime. O Mapa da Violência no Brasil aponta que são justamente esses jovens quem mais sofrem com a violência e são assassinados impunemente. A igualdade de direitos e justiça social foram gritos que também se destacaram. Com disposição os trinta e dois jovens participantes marcaram nova data para um segundo Encontro e o início das preparações do Grito dos Excluídos 2016.
PR
O Grito dos Excluídos em Curitiba reuniu cerca de 200 pessoas na Igreja Nossa Senhora do Rosário do Belém, no bairro Centenário. O ato seguiu até a Vila São Domingos, onde há mais de 800 famílias que lutam pela regularização de suas moradias.
AL
Mais de 500 pessoas ligadas a movimentos sociais, pastorais, entidades e partidos marcharam em Maceió (AL), seguindo o desfile oficial de 7 de setembro. Ao final do ato, o governador Renan Filho (PMDB) foi ao meio do povo ouvir as reivindicações de ampliação de direitos, de abertura de negociações com os professores grevistas e de paz nas favelas e justiça ao Caso Davi, jovem morto há um ano por policiais.
DF
Em Brasília, no Distrito Federal, movimentos sociais, sindicatos e demais coletivos se articularam para a realização da manifestação do Grito dos Excluídos, que se iniciou às 8h, na Catedral Metropolitana, no Plano Piloto de Brasília. “O objetivo é expor e colocar em debate os reais problemas que afetam o povo, então diante dessa crise política, econômica, social e ambiental que vivemos, movimentos sociais, coletivos e sindicatos estão organizados e mobilizados para dar uma resposta propositiva para essa crise no sentido de melhorar a vida do povo e dar voz aos excluídos e excluídas”, ressaltou Fábio Miranda, membro da coordenação do Grito no DF.
RS
Em Porto Alegre cerca de 250 pessoas participaram do 21º Grito dos Excluídos. A concentração começou na Rótula das Cuias, os militantes seguiram em caminhada até a Usina do Gasômetro, no Centro Histórico.
MG
Em Belo Horizonte (MG), cerca de 600 pessoas se concentraram na Praça Raul Soares e de lá seguiram em marcha até a praça sete, no centro da capital.
BA
Em Salvador, na Praça do Campo Grande, 20 mil pessoas de movimentos sociais, pastorais, sindicatos e demais coletivos se articularam para a realização da manifestação do Grito dos Excluídos. Os militantes denunciaram o genocídio da população jovem e negra, pediram atenção especial à economia solidária, e ao quilombo Rio dos Macacos, comunidade quilombola que há décadas luta pela regularização da área.
RR
Em Boa Vista, capital de Roraima, representantes de 50 entidades participaram pela manhã deste 7 de setembro. A concentração teve início por volta das 9h, na Praça Oswaldo Cruz, bairro da Boa Vista. De lá, os manifestantes seguiram em passeata pela Avenida Conde da Boa Vista até a Praça do Carmo, onde um ato público aconteceu a partir das 13h.
RJ
No Rio de Janeiro cerca de 100 pessoas de movimentos sociais saíram em passeata pela Avenida Presidente Vargas no centro da cidade. A concentração começou às 9h na Rua Uruguaiana e a caminhada seguiu até a estátua de Zumbi dos Palmares. A manifestação contou com a participação de movimentos feministas, negros, indígena, de juventude, por moradia, educação, comunicação popular, sindicalistas, classistas e partidos de esquerda.
PE
Marchando pelas principais ruas e avenidas do Recife, cerca de 3500 pessoas gritaram em defesa da democracia, da ética na mídia, pela melhoria e mais investimentos no Sistema de Saúde Pública (SUS), por mais educação, Reforma Agrária, demarcação de terras indígenas e direito à cidade. Vários movimentos sociais, pastorais sociais da Igreja católica, sindicatos, grupos de jovens, mulheres, indígenas gritaram também pela prevenção e combate à violência contra os jovens, contra as mulheres, e contra a violência policial.
PA
Cerca de 500 marcharam pelas ruas da capital Belém (PA), os manifestantes pediram o fim do extermínio da juventude e da violência contra mulher. Durante o trajeto, os manifestantes pararam enfrente à Rede Globo e pediram pela democratização dos meios de comunicação.
GO
Em Goiânia (GO), 150 pessoas se reuniram em um seminário que contou com a participação de moradores das periferias da cidade. O evento debateu os principais temas do 21º Grito os Excluídos.
Na zona Leste de Macapá, no Estado do Amapá, centenas de manifestantes ocuparam as ruas da cidade no último sábado (5) para levar o seu Grito por saúde e educação. Os amapaenses também destacaram a situação do Brasil com relação à corrupção chamando a atenção para a necessidade de se realizar reformas profundas e não somente uma reforma eleitoral, segundo a organização do Grito na cidade, a Diocese de Macapá. Destacaram a necessidade da realização das reformas política, tributária e dos meios de comunicação, democratizando-os.
Na cidade de Passo Fundo, cidade do interior do Rio Grande do Sul, manifestantes ocuparam a Praça Marechal Floriano, no centro da cidade com uma mostra de projetos “TransformAção”, da Pastoral Carcerária e outras apresentações. Além destas apresentações os manifestantes realizaram um debate a partir dos eixos do 21º Grito. O Grito em Passo Fundo foi organizado pelas Pastorais Sociais, Cáritas, Projetos Sociais, Setor Juventude e Diretórios Acadêmicos. A organização do evento destacou que “o Grito dos Excluídos não tem dono, não é das igrejas, dos sindicatos, das pastorais”, afirmou Junior Centenaro, das Pastorais Sociais. Os participantes lembraram a realidade de exclusão vivida pelo povo negro, povos indígenas, as mulheres, os jovens, os acampados e assentados, e tanto outros grupos que sofrem com a exclusão e a ausência de políticas sociais, direitos básicos, conforme um dos eixos do Grito. A necessidade de uma efetiva democratização dos meios de comunicação foi um dos destaques. A população precisa receber informação de qualidade, verdadeiras, e a população precisa gerir e ser proprietários dos meios de comunicação que hoje estão concentrados nas mãos de alguns e, ainda lembrou que o direito da informação e à comunicação está previsto na Constituição Federal, afirmou Otávio Klein, professor da Universidade de Passo Fundo e assessor do encontro. “Precisamos de um compromisso de todos com uma comunicação transformadora, inclusiva, geradora de vida e a serviço dos pequenos” destacou Klein.
Grupo ligado a movimentos populares se encontrou no pátio da Igreja Santa Rita e caminhou até a Concha Acústica, na cidade de Uberaba, no estado mineiro. Mais de 100 pessoas organizadas em movimentos sociais, sindicais e da comunidade católica, realizou o 21º Grito. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e os sem teto do Assentamento Vitória, de Campo Florido, também participaram da manifestação. Os movimentos caminharam até a Praça da Concha Acústica onde apresentou-se sete gritos, entre eles a reivindicação de direitos de participação política, prevenção e combate à violência, direitos dos trabalhadores, democratização da mídia e outras esferas de expressão popular.
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