Por Flaviana Serafim I Jubileu Sul Brasil
O livro “Vivências comunitárias: superando o que nos paralisa” foi lançado em Fortaleza (CE) na última sexta-feira (22), com realização de ato público, programação cultural e exposições na Praça da Gentilândia, no bairro Benfica.
Poesias, música e performances marcaram o ato público durante o lançamento, além da fala dos representantes dos territórios. Houve exposição de produtos dos grupos produtivos liderados pelas mulheres nas comunidades, e também de fotos e vídeos do “Sisteminha” de soberania e segurança alimentar baseado num outro modelo de desenvolvimento, centrado na produção solidária e na partilha pelo coletivo (saiba mais sobre o Sisteminha).
O livro é uma partilha das vivências que vêm sendo promovidas pelo Movimento dos Conselhos Populares (MCP), trazendo a voz, os sentimentos e a luta das comunidades que se articulam com o MCP, organização membro da Rede Jubileu Sul Brasil. A publicação foi elaborada com a sistematização de ações, experiências, ideias e denúncias que surgiram a partir de uma série de encontros comunitários, realizados em 2019 e 2020.
Entre outras questões, aborda a luta por direitos das minorias sociais, critica a militarização e a violência policial e também ao sistema de endividamento imposto pelos países desenvolvidos aos territórios do Sul global.
“Trazemos o tema das dívidas sociais para o centro do debate, para que as mulheres e os homens das comunidades possam entender que todo esse endividamento público tem consequências no nosso dia a dia”, explica Francisco Vladimir, articulador do Cone Sul na Rede Jubileu Sul Brasil e coordenador da publicação.
“Desde as organizações e movimentos, a Rede questiona essa dívida histórica com os povos afirmando que não devemos e não temos que pagar uma dívida que não é nossa. Por isso exigimos reparações, que passam pelas dívidas sociais. Os povos não devem pagar e devem ter o direito de ser reparados por essa dívida que vem sendo paga com suor e o sangue do povo”, completa.
Nesse embate, Vladimir destaca o conjunto das lutas lideradas pelo MCP, “que é um movimento forte e aguerrido e, ao mesmo tempo, reúne a todos, todas e todes, mulheres e homens, as juventudes, gays e lésbicas, deficientes físicos, e isso faz com que o movimento tenha um rosto de comunidade. É a comunidade, é a vida que passa pelo movimento, mas sobretudo pela realidade de cada um e de cada uma que participa do MCP”.
Os textos do livro foram compilados e organizados por Francisco Oliveira, o Chicão, ator, autor, contador de histórias infantis na Biblioteca Pública Municipal Dolor Barreira e membro do grupo Crítica Radical, além de Igor Moreira Pinto, professor da educação pública, integrante do MCP, pesquisador do Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará e escritor, autor, entre outros, do livro de contos “Ao pôr do sol”.
Publicada pela Editora Karuá, a elaboração da obra contou ainda com a participação de Pedro Paulo Fernandes Araújo, Emanuela Ferreira Matias, Ângela Maria de Souza Almeida, Wayne Thiago da Silva Araújo, Francisco de Assis da Silva, Cícera da Silva Martins e Francisco Fernandes, membros das comunidades que integram o MCP.
A publicação impressa teve distribuição gratuita para os moradores das comunidades envolvidas no desenvolvimento do livro, e pode ser adquirido com uma contribuição solidária de R$ 20,00, contatando Igor Moreira (85) 99714-0147 ou Francisco Vladimir (85) 99703-6769.
A obra foi publicada com apoio financeiro de Bé-Ruys-Fonds, organização alemã que apoia pequenos projetos de trabalho pela paz, justiça e integridade da criação, acolhida ecumênica, ajuda a refugiados, diálogo entre religiões, crenças e estudos teológicos da libertação. A Rede Jubileu Sul Brasil também apoiou a iniciativa do MCP por meio da ação Protagonismo da Sociedade Civil nas Políticas Macroeconômicas.
Antes do lançamento, também foi realizada uma reunião com membros dos coletivos e grupos de produção comunitários, no Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais no Estado do Ceará (Sintufce), onde fizeram planejamento e balanços de ações, a partir dos resultados alcançados entre março de 2021 e abril de 2022, no âmbito do projeto Protagonismo.