Por Karla Maria e Amanda Loyola
Fotos: Balcão de Direitos par Imigrantes
Com o objetivo de apoiar iniciativas que valorizem o direito humano de cada cidadão e cidadã que vive em São Paulo, Lucimeire Araújo, Amanda Loyola e Melchiseder Balthazar, respectivamente coordenadora, assistente social e secretária do Balcão de Direitos para Imigrantes da Rede Jubileu Sul Brasil, participaram no dia 17 de dezembro de 2018, na capital paulista, do lançamento do livro “Jesus e os Direitos Humanos”.
O evento aconteceu em uma das igrejas do Exército da Salvação, uma das maiores instituições beneficentes do mundo, denominada cristã protestante. A data escolhida não foi ao acaso. O objetivo foi, também, celebrar os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Organizado pelo teólogo e pastor Ronildo Pacheco, o livro reúne dez textos assinados por pastores e estudiosos. Mostra as semelhanças entre as ações e discursos de Jesus Cristo com a de defensores de direitos humanos, nossos contemporâneos.
“Sim, Cristo fez muita coisa em silêncio. Mas também foi um manifestante provocador que causou alvoroço por onde passava. Ele incomodou tanto que acabou sendo preso por perturbar o sistema à sua volta. Em suma, espancado e sacrificado em uma cruz por causa de suas palavras e ações. Como manifestante, denunciou e confrontou líderes locais, chegando a denominar Herodes de “raposa” (Lucas 13:32)”, destaca Caio Marçal, teólogo, pedagogo e mestrando em Sociologia, que assina o artigo “Jesus e os Direitos Humanos: por uma verdadeira evangelização”, na página 23 do livro recém-lançado.
Entre os diversos temas, tão atuais aos defensores dos direitos humanos em nossos dias, como a busca por justiça, a igualdade de gêneros, a criminalização do povo negro, e os direitos sociais básicos, destaca-se a necessidade de a sociedade cristã e não-cristã comprometer-se em acolher com dignidade os imigrantes.
“Era forasteiro e me acolheste”. A passagem bíblica do livro de Mateus 25:35b destaca a preocupação de Jesus com o alto grau de vulnerabilidade de todo(a) aquele(a) que se encontrava na condição de desabrigado (a) ou expatriado (a), sujeito (a) a toda sorte de rejeição por não estar no chão em que foi originado(a).
“Jesus incidia em problemas que iam para além de sua linhagem, pois seu ministério rompia barreiras territoriais, culturais e políticas”, escreveu uma Géssica Dias, uma das autoras do livro que é assistente social e pós-graduada em Política.
Por fim, e não menos importante, o livro nos questiona “Todas as vidas importam?”. João Luiz da Costa, teólogo, pedagogo e mestrando em Ciências da Religião, a partir da lógica neoliberal, o pobre é tido como alguém sem valor, alguém cuja vida pouco importa. “Se a vida do pobre não importa, não faz sentido lutar para que ele tenha seus direitos garantidos. Nesse caso, não é o humano que tem direito, é o capital”, avalia Costa nos levando – e assustando – diante à realidade que nos permeia.
Durante o debate de lançamento o livro, Andreia Fernandes, professora e pastora da Igreja Metodista denunciou. “A Igreja vibra por Jesus estar na goiabeira, mas não vibra porque tem muitos “João de Deus” que abusa de mulheres. O problema não é a aparição sobrenatural de Jesus na goiabeira, o problema é não aparecer ninguém pra ajudar um imigrante, ajudar uma mulher vítima de violência doméstica”, disse a pastora, que continuou.
“Se a igreja fecha as portas nós vamos aprender a bater. A minha preocupação é convidar as Maria Madalenas para perto de nós”. O livro também desmistifica a má e preconceituosa fama atribuída à Maria Madalena, a seguidora de Jesus Cristo, por ele amada.
O livro foi publicado pela Usina de Valores, uma iniciativa do Instituto Vladimir Herzog com apoio da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo. Para mais informações sobre como adquirira obra, entre em contato com www.usinadevalores.org.br.