Natasha Pitts, jornalista da Adital.

Para transmitir a solidariedade das organizações que o compõem e conhecer de perto a situação política após o golpe de Estado parlamentar de 22 de junho, membros do Jubileu Sul/Américas visitaram o Paraguai de 30 de junho a oito de julho. A visita buscou também fortalecer a resistência dos movimentos populares locais e repudiar o julgamento político seguido de golpe que retirou Fernando Lugo do poder.

De acordo com Pablo Herrero, do Jubileu Sul/Américas, a visita também possibilitou conhecer de perto a situação do país. “Fomos ao Paraguai prestar solidariedade e repudiar energicamente o golpe de Estado parlamentar, mas também avaliar e entender o que está acontecendo para fazer uma análise em primeira mão”, disse.

Pablo acrescentou que durante a visita os integrantes do Jubileu Sul se reuniram com organizações sociais como o Serviço Paz e Justiça e a Frente pela Defesa da Democracia, participaram de mobilizações de repúdio ao golpe, de plenárias pela defesa da democracia e de coletivas de imprensa para deixar clara a posição da rede a respeito do golpe.

Estar no Paraguai também possibilitou enxergar situações como a abertura do país a interesses que vão de encontro aos da população. Empresas multinacionais como Monsanto, líder mundial na área de alimentos transgênicos, e Río Tinto Alcan, uma das maiores produtoras de alumínio no mundo, antes ‘ameaçadas’ pela postura de Lugo, hoje estão tirando proveito da destituição do mandatário. Apenas um dia após o golpe, o governo aprovou o uso de algodão transgênico Monsanto, medida que há sete anos estava em espera, e agilizou, com a emissão de vários decretos, os trâmites para as negociações com a canadense Río Tinto.

De forma semelhante, grupos sojeiros, políticos corruptos e grandes proprietários de terras também estão conseguindo expandir seus negócios e se beneficiar no contexto do governo golpista de Federico Franco.

Pablo assegura que diante destas situações a população paraguaia está resistindo e se manifestando dia após dia. “Em Assunção há mobilizações por parte dos movimentos e em especial ações organizadas pelos jovens, que temem viver sob uma ditadura. Nos muros é possível ver grafites repudiando Federico Franco e o golpe e também criticando a postura do Vaticano em apoiar de imediato o novo governo. Já no interior, a resistência é impulsionada pelos campesinos”, explica.

O ativista ressalta que na contramão das manifestações está a mídia, responsável por causar confusão e desinformação, divulgando matérias para manipular e apoiar o golpe de Estado. “A população precisa saber o que aconteceu para se posicionar”, defende. Em comunicado, Jubileu Sul/Américas assegura que o atual governo também é responsável por uma “grosseira campanha midiática de difamação e criminalização dos que se opõem ao golpe”.

Ciente da luta da população paraguaia para reconstruir a democracia, Jubileu Sul e as organizações que o compõem reafirmaram o compromisso com a resistência e se colocaram à disposição. A rede também se comprometeu a continuar exigindo de seus governantes não reconhecimento ao governo de Federico Franco e a imediata restituição de Lugo a fim de garantir o respeito à soberania popular expressa pelo nas urnas.

Mais informações: www.jubileosuramericas.orge www.jubileosur.org

Fonte: Adital

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