Nova caravana de migrantes hondurenhos, incluindo crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, tentam chegar aos Estados Unidos. Milhares de pessoas estão fugindo por causa da violência, da corrupção, do desemprego, da insegurança, da pobreza extrema e das ameaças enfrentadas em suas comunidades; pensar nesses fatores como determinantes para que tantas pessoas decidam enfrentar uma perigosa jornada também nos leva a questionar um modelo histórico do chamado ¨”Desenvolvimento”¨como é o extrativismo.
O que se vive em Honduras é o resultado da implementação de estratégias
excludentes, racistas e repressivas por parte do Estado, cujos interesses são moldados com base nos capitais empresariais regionais e globais, e para garantir que as indústrias extrativas continuem a tomar posse dos territórios, qualquer ação organizada ou espontânea das comunidades afetadas é judicializada e criminalizada.
A população enfrenta práticas institucionalizadas em que a desapropriação de
territórios – uma prática histórica – vem sendo aprofundado cada vez mais,
especialmente nos últimos dez anos, período que está relacionado ao golpe de estado militar de 2009. Um exemplo disso é a comunidade Garifuna, que enfrenta uma verdadeira estratégia de extermínio. Entre 2019 e este ano, 17 líderes Garifuna foram assassinados de seus diferentes espaços comunitários, a maioria deles membros da Organização Fraternal Negra Hondurenha (OFRANEH), que vêm desenvolvendo ações contra a expansão das indústrias hoteleiras, a implementação de monoculturas, a compra abusiva de terras ou a expulsão dessas comunidades de seus espaços ancestrais que lhes pertencem por direito.
Esta situação se estende por todo o território hondurenho, já que estas práticas de
extermínio e criminalização chegam também aos demais povos originários do país, que em sua maioria constituem diversas formas organizativas para enfrentar os efeitos catastróficos deste modelo, enfrentando um estado de terror que reforça seus métodos de perseguição e criminalização.
Isto fez com que vários casos fossem levados aos tribunais internacionais e que
autoridades de ambito global de proteção dos povos indígenas se pronunciem a
respeito, exigindo o cumprimento de direitos e normas internacionais. Com base nisto, reiteramos a necessidade de levantar as vozes de denúncia contra o Estado de Honduras, e pedimos ações ativas de solidariedade com um povo em luta
que continua resistindo dia após dia. Não devemos, não pagamos!
Somos os povo, os credores!
A vida antes da dívida!
América Latina e Caribe
20 de Janeiro de 2020