A saúde pública foi o tema gerador das atividades deste dia 7 de julho com mobilizações ‘pré-Grito’
Com a intenção de fortalecer a mobilização por todo país é que o Grito dos Excluídos/as Nacional propôs o primeiro Dia D do Grito, que foi colocado em prática neste último dia 7 de julho. A ideia é que essa seja uma articulação permanente onde, de forma autônoma, as entidades, organizações e comunidades que realizam o Grito em suas regiões, desenvolvam atividades voltadas aos temas do Grito dos/as Excluídos/as todo dia 7 de cada mês.
Karina Pereira, da coordenação e secretaria do Grito dos/as Excluídos/as, explica que essa ideia foi resgatada nas últimas reuniões de coordenação e dos articuladores – que aconteceram por plataforma virtual no mês de junho -, mas que a ideia já vinha sendo debatida há alguns anos. Ela comenta ainda que a proposta ganhou força exatamente neste contexto de pandemia, onde a necessidade de distanciamento social impede encontros presenciais com aglomeração.
O tema geral da 26ª edição do Grito dos/as Excluídos/as é “Vida em primeiro lugar. Basta de miséria preconceito e repressão! Queremos trabalho, terra, teto e participação”. No entanto, o objetivo é que em cada mês tenha um tema gerador para as atividades, unificando as ações e ao mesmo tempo permitido que sejam realizadas a partir da realidade de cada local. “O tema que pensamos agora, 7 de julho, foi a questão da saúde pública, de como discutir essa questão da saúde ligando com a questão da pandemia da Covid-19, como isso afeta o nosso cotidiano, a questão da defesa do SUS como uma forma de garantir uma saúde pública e de qualidade para todos”, ressalta Karina.
Na visão de Monica Fidélis, da Coordenação da Rede Jubileu Sul Brasil e articuladora da Pastoral Operária Nacional, essa ligação já existia, mas com as ações do dia D tende a crescer e fortalecer, como um espiral. “Penso que esse legado e/ou experiência deve continuar nos próximos gritos. O dia D se torna mais um espaço para denunciar, de forma mais próxima, as inúmeras realidades e mazelas que assolam o país”, completa Mônica.
Danilo Bezerra, irmão Marista e membro da coordenação da Rede Eclesial Pan-Amazônica que foi o mediador do debate ao vivo “Bem viver: o povo clama por saúde de qualidade”, realizado pela Diocese de Roraima, relata que a receptividade da comunidade ao Dia D do Grito foi muito boa. “Quando colocamos a proposta todos aderiram com muita alegria e entusiasmo, essa ideia inclusive de não só fazer antes do dia 7 de setembro, mas de continuar fazendo em outubro, novembro, como um compromisso, como um pós-Grito”, diz Danilo sobre a reação da comunidade.
Karina aponta que realizar o encontro dos articuladores proporcionou que 18 estados estivessem representados, o que na sua avaliação foi um pontapé muito bom para o sucesso deste primeiro dia D do Grito. “É a primeira vez em 26 anos que a gente não se reúne de forma presencial. O encontro dos articuladores, por exemplo, acontece há 22 anos. Em cada local, está todo mundo aprendendo como se reunir virtualmente, como usar as tecnologias de rede social, de aplicativo, porque ninguém sabia mexer com nada disso”, lembra ela.
Por outro lado, Danilo destaca que as atividades on-line estão dando condições para a participação de mais pessoas. Segundo informações da plataforma, mais de 1800 pessoas foram alcançadas pela transmissão ao vivo. “Uma ideia para o lançamento do Grito aqui é inclusive trazer gente da nacional do Grito para participar da nossa da nossa abertura, do nosso lançamento do Grito local. Isso também possibilita a participação de outras pessoas que não são daqui. Temos que olhar para o lado positivo também. Mesmo depois que acabar essa pandemia e voltar ao normal, temos como continuar a potencializar. Vejo que é um novo olhar sobre o novo”, avalia o irmão Marista.
Nessa condição de distanciamento, uma antiga ferramenta de comunicação voltou a ganhar força para a mobilização do Grito dos/as Excluídos/as. Pensando nas comunidades e territórios que não têm acesso fácil à internet, a secretaria nacional do Grito está enviando cartas e pacotes com os materiais impressos que colaboram para a reflexão do tema central. Karina comenta que o material impresso em gráfica foi bem abaixo dos anos anteriores, mas que são necessários, pensando exatamente nessas pessoas excluídas do mundo das redes.
“Concretamente estamos denunciando e discutindo sobre a saúde, educação, perdas de direitos trabalhistas, violência no campo e na cidade, violência contra mulher, genocídio das população negra, indígena, a fome, o desemprego em massa, os impactos da Emenda Constitucional da morte (EC 95), os impactos diretos na vida da trabalhadora e do trabalhador. Ficam abertas as veias destruidoras desse sistema econômico genocida. Seguimos nesse espiral” completa Mônica ao lembrar que o processo do Grito dos/as Excluídos/as é para todas e todos.
Para as já tradicionais manifestações de 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil, não se tem uma definição se elas ocorrerão nas ruas, mas o que Karina faz questão de salientar é que, independente da forma, os Gritos de todas e todos ecoarão.
Saiba mais sobre as atividades que foram realizadas no primeiro Dia D do Grito:
Belo Horizonte – Bate-papos com a juventude sobre a economia de Francisco e Clara. Debateram com diversas vertentes, quilombola, negros.
Manaus – Bate-papo virtual e atividade de rua. Foi realizado um protesto silencioso com toda a segurança possível, fazendo defesa da saúde pública.
Boa Vista – Debate “O povo clama por saúde pública de qualidade”.
Mossoró – Encontro virtual de lançamento do Grito dos Excluídos. Programa de rádio Bem Viver, da Rádio Rural lá na cidade de Mossoró.
Campo Grande – Debate resgatando a necessidade de cuidado em tempo de pandemia.
Campinas – Lançamento do Grito na cidade e debate.