Coletiva de imprensa reuniu representantes da igreja, movimentos sociais e indígenas
Redação | Coletivo de Comunicação Grito dos/as Excluídos/as
Aconteceu nesta quinta-feira, 26 de agosto de 2021, às 10 horas, em formato online, a Coletiva Nacional de Imprensa do 27º Grito dos Excluídos e Excluídas. O evento foi transmitido pelas páginas do Facebook e Youtube do Grito dos Excluídos e em mais de 30 redes sociais que realizaram a transmissão cruzada. Tendo como tema Vida em Primeiro Lugar, a 27ª edição do Grito convoca todos e todas para lutar por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda, já.
Os convidados/as para a coletiva foram: Dom José Valdeci Santos Mendes, bispo de Brejo, Maranhão, e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sócio Transformadora da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos); de Cinthia Nicássia, articuladora da Campanha Despejo Zero, que vive junto às famílias no assentamento Alvorada em Goiânia (GO), e a Deputada federal/RR, Joenia Wapichana.
A coletiva foi organizada pela Equipe de Comunicação Nacional do Grito dos/as Excluídos/as e teve como moderador Alderon Costa, da Rede Rua que integra a Coordenação Nacional do Grito, e contou com a participação de Francis Rosa Barros que garantiu o acesso em libras.
Vozes silenciadas
Dom Valdeci falou sobre a importância do Grito dos Excluídos e Excluídas com suas atividades realizadas em todo país, principalmente diante de tantos desafios enfrentados pela pandemia da Covid-19. São mais de 570 mil pessoas que perderam a vida. Ele ainda enfatizou que esta pandemia escancara outras realidades de sofrimento e o “Grito dos Excluídos se torna uma voz neste tempo em que as vozes de tantos homens e mulheres são abafadas”.
Ele destacou também que a CNBB faz parte da Coordenação do Grito por acreditar que a luta deve ser de todos e todas. “O Grito é uma oportunidade de se ouvir os gritos de tantos homens e mulheres que estão à margem da sociedade”, pontuou Dom Valdeci.
Grito Indígena
A Deputada Federal Joenia Wapichana trouxe para a Coletiva o grito de toda a população brasileira presente, neste momento, nos 6 mil indígenas, representantes de mais de 160 povos e 20 Estados do país. Eles estão realizando o seu grito, em Brasília, contra o Marco Temporal, que põe em risco os direitos dos povos originários, estão clamando por justiça e para que cesse toda violência. “Nunca foi fácil para os povos indígenas, todos os direitos conquistados correm o risco de serem perdidos. Não vamos deixar que sejamos novamente pisoteados, oprimidos. Esta minoria, tão vulnerável, merece respeito”, enfatizou Joenia, ao citar que, mesmo diante da crise que se encontra no mundo, os povos indígenas deixam a mensagem de resistência.
Luta por moradia
Marcou presença também na Coletiva Cinthia Nicássia, que relatou toda sua trajetória como articuladora da Campanha Despejo Zero em Goiânia – GO. Por fazer parte desta realidade das famílias que estão no assentamento Alvorada, Cinthia disse que a pandemia infelizmente atingiu muitas pessoas, porém, não foi somente nas questões de saúde e perda de entes queridos, mas também se torna real o impacto econômico gerado pela falta de serviço, de emprego e de comida que as famílias estão sofrendo neste momento e por isso, foram despejadas.
Cinthia falou ainda que após a experiência de ter sido presa e solta por pagamento de fiança, por conta de sua atuação no movimento, entendeu que somente com a organização e participação popular é que os sofrimentos destas famílias serão amenizados. “A situação não está fácil, crianças continuam passando dificuldades por falta de alimentos, porém, ninguém desiste e lutam para ver se conseguem o mínimo de dignidade para as famílias”, enfatizou.
Clamores do povo
Na coletiva foram transmitidos vários vídeos de relatos e gritos: comunidade negra que denuncia o racismo; a gritante situação das mortes por Covid-19 em Manaus; o emocionante depoimento da mãe que falou sobre a morte de seu filho no massacre do Jacarezinho ocorrido este ano no Rio de Janeiro; as transexuais de Curitiba que gritam por dignidade, respeito e garantia de direitos sociais; a defesa do meio ambiente e a denúncia das privatizações no setor elétrico, com depoimento do Movimento dos/as Atingidos/as por Barragens (MAB).
Foi informado ainda que uma das atividades do Grito dos Excluídos em São Paulo, no dia 7 de setembro, é a presença junto à 34ª Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras que acontece todos os anos na Basílica Nossa Senhora Aparecida. Porém, diante dos protocolos de prevenção, a nossa participação será na transmissão da Missa da Basílica, às 9 horas, pela TV Aparecida.