Por Zeca Oliveira, de Aracaju (SE)

Trabalhadores do terminal de armazenamento de petróleo Tecarmo, em Aracaju (SE), faziam uma assembleia no segundo dia da greve nacional petroleira, 31/05, quando foram interrompidos por gestores da unidade. O gerente de ativos e o gerente operacional traziam nas mãos cartas de convocação ao trabalho para os grevistas. Chamando individualmente os empregados pelo nome, os gestores iniciaram a distribuição dos documentos, mas a ação foi logo interrompida pelo mal-estar gerado pela provocação.
O documento de várias páginas informava da decisão de ilegalidade da greve e ameaçava os trabalhadores com as possíveis sanções a serem aplicadas. Dentre as punições, o eventual enquadramento do não retorno ao trabalho como “crime de desobediência”, passível de demissão por justa causa.
Fernando Borges, diretor do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro AL/SE), explica que as cartas começaram a ser entregues na noite do dia anterior pelo gerente de ativos pessoalmente, na casa dos empregados. “Imagine o constrangimento de receber um gestor da Petrobrás em casa, na frente de sua família, com uma ameaça. Pela manhã estávamos aqui na porta do Tecarmo quando uma colega que tinha recebido a convocação chegou tremendo, completamente abalada, para trabalhar. Isso é um profundo desrespeito. É assédio”, afirma Fernando.
Manifestação
Diante do grave episódio, os trabalhadores prometem um ato na porta da unidade nesta sexta-feira, 01/06. “Não podemos deixar que isso aconteça impunemente. Invadir uma assembleia de trabalhadores é inadmissível. Vamos estudar as medidas jurídicas cabíveis, mas, independentemente disso, estamos tomando uma atitude política contra esse atentado à auto-organização dos trabalhadores”, defende o petroleiro.
A greve dos petroleiros foi declarada ilegal pela Justiça do Trabalho. Uma multa diária de R$ 2 milhões é imputada aos sindicatos em caso de descumprimento da decisão.

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