Movimentos sociais e organizações do Cone Sul reiteram sua posição contrária ao Acordo UE-Mercosul em carta aberta a parlamentares
Por redação
Neste momento em que o Brasil, enquanto presidência protempore do Mercosul, formula uma resposta à carta adicional da União Europeia com uma possível contraproposta do bloco sul-americano, movimentos sociais, redes e organizações da sociedade civil brasileira, da Argentina, do Uruguai e do Paraguai reiteram sua oposição contrária à conclusão do Acordo UE-Mercosul. O documento também exige a garantia da transparência e informação sobre as negociações.
“Como integrantes de movimentos sociais, redes e organizações da sociedade civil do Brasil, da Argentina, do Paraguai e do Uruguai abaixo assinadas, articuladas também a nível regional em defesa da democracia e contra o neoliberalismo, nos dirigimos a Vossas Excelências nesta carta aberta por ocasião dos anúncios, que nos chegam através da imprensa, sobre a agenda de reuniões oficiais do Mercosul e com o bloco Europeu nos próximos dias em Brasília/DF para uma suposta retomada das negociações do pilar de livre comércio do Acordo de Associação entre a União Europeia e o Mercosul”, diz a abertura da carta.
A publicação destaca o posicionamento das organizações diante da agenda anunciada. “Reiteramos nosso posicionamento contrário à conclusão deste acordo que, depois de ter se arrastado sem transparência e acesso à informação por mais duas décadas do seu início — em período coincidente com o processo de mobilização social que levou à vitória popular e dos governos progressistas na derrota da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) —, oportunamente foi declarado como concluído no primeiro ano do governo fascista de Jair Bolsonaro, em 2019. Em setembro de 2020, um conjunto de movimentos sociais, indígenas, quilombolas, sindicais, redes, campanhas e organizações não governamentais brasileiras manifestaram, em carta aberta à sociedade brasileira, a sua oposição à assinatura do Acordo de Associação entre União Europeia (UE) e Mercosul. A partir dessa articulação, surgiu a Frente Brasileira contra os Acordos Mercosul-UE e Mercosul-EFTA, com o objetivo de ampliar e aprofundar o debate sobre os impactos desses acordos de livre comércio na sociedade brasileira e incidir, nacional, regional e internacionalmente, na resistência a ambos acordos. Atualmente, é composta por mais de 140 entidades, redes, organizações e movimentos sociais do campo ecumênico, sindical, ambientalista e climático, da luta indígena e quilombola, do movimento feminista e de mulheres, e pela defesa da reforma agrária e soberania alimentar”.
A carta é assinada pela Frente Brasileira contra os Acordos Mercosul UE/EFTA, com apoio dos movimentos, redes e organizações regionais: Jubileu Sul Américas (JSA); Amigos de la Tierra América Latian y el Caribe (ATALC) Asamblea Argentina Mejor Sin TLC Attac Argentina Plataforma América Latina Mejor Sin TLC Jornada Continental por Democracia e Contra o Neoliberalismo.