Falar de crise como um negócio gerado pelo capitalismo e seus truques que privatizam a natureza e nossos bens comuns é também falar de falsas soluções que o sistema cria para enganar, explorar e assassinar os povos.
Por Comunicação | Rede Jubileu Sul / Américas
A rede Jubileu Sul / Américas participou nesta quinta-feira, 5, da Cúpula dos Povos no Chile, na mesa “As crises como negócio, mecanismos de mercado e privatização da natureza”, organizada por Amigos da Terra América Latina e Caribe (ATALC), como parte das diferentes atividades que se desenvolvem nas dependências da Universidade de Santiago do Chile.
A mesa foi espaço de intervenção da rede Jubileu Sul / Américas sobre as falsas soluções que ocorrem em toda a América Latina e Caribe, com a militarização tendo o Haiti como exemplo emblemático. “Falar de crise como um negócio gerado pelo capitalismo e seus truques que privatizam a natureza e nossos bens comuns é também falar de falsas soluções que o sistema cria para enganar, explorar e assassinar os povos. Os territórios são militarizados e as populações são envolvidas por governos que dizem que a segurança é a solução. De fato, procuram desalojar as pessoas dos seus territórios a força e por meio de armas, massacrando mulheres, homens, jovens e crianças. As pessoas estão sendo perseguidas e violadas por este sistema que mata. Estamos pagando uma dívida que não é nossa com um discurso que vem gerando crises e dívidas nos países. Portanto, a militarização também é uma falsa solução”, disse Francisco Vladimir, articulador do Cone Sul da Rede Jubileu Sul Américas.
As mulheres da rede estão representadas na Cúpula dos Povos por Lourdes Contreras, da Marcha Mundial das Mulheres Macro-Norte do Peru, organização integrante da Rede. Jovem, Lourdes compartilhou suas impressões sobre as falsas soluções propostas pelo sistema para enfrentar os problemas climáticos e mais, como essas medidas afetam territórios e comunidades.
“Enquanto os povos, as organizações sociais estão resistindo nos territórios, as mulheres estão resistindo também com seus corpos e suas organizações. Há uma dissociação de gerar, de dialogar práticas de solidariedade neste processo que é necessário tornar visível, e é aí que entra o trabalho da rede Jubileu Sul Américas como um espaço articulador, em que são as organizações de base que falam na América Latina”, disse Lourdes em vídeo enviado do Chile.
Enfatiza também que “o Jubileu Sul Americas é a única organização na América Latina que está fazendo esse trabalho de exigir denúncia, justiça, os nossos direitos, porque não devemos, então não temos que pagar. São mais de 500 anos de história de resistência na América Latina e eles estão nos fazendo pagar, mas nós somos os credores”, conclui a jovem peruana.
A Cúpula dos Povos denuncia a promoção de falsas soluções que aprofundam a crise social e ambiental global que ignora as demandas das sociedades. Procura também rejeitar políticas nacionais e internacionais que privam os povos dos seus direitos sociais e ambientais através de ameaças, assassinatos, bloqueios, intervenções militares ou outras medidas como forma de impor uma ordem neoliberal.
Não devemos, não pagamos
Somos os povos os Credores
Jubileu Sul/Américas