Por CSP-Conlutas
Após uma semana intensa de atividades, a caravana da CSP-Conlutas em solidariedade aos migrantes venezuelanos em Roraima chegou ao fim nesta sexta-feira (15). Com encaminhamentos importantes para a continuidade da campanha “Nenhum ser humano é ilegal. Migrar é um direito”, os movimentos que participaram desta ação também reafirmaram o repúdio à militarização por parte do governo para tentar resolver um problema que é social.
Essa denúncia ganhou mais força com a formalização do exército de não permissão da entrada da Central nos abrigos e nem a distribuição da cartilha nesses locais.
Uma reunião foi convocada pelo responsável da intermediação com os movimentos sociais, o tenente major Ferraz, também na sexta-feira, e nela foi informado que a caravana não poderia visitar os abrigos e que seria preciso protocolar um pedido para o Ministério da Casa Civil, responsável pela ação em Roraima.
É importante destacar que mesmo com essa negativa, a Central conseguiu visitar um abrigo, e pelas ruas e cidades visitadas distribuiu pelo menos 2.500 cartilhas.
O integrante da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes considerou absurdo esse impedimento. “Na reunião, eu deixei claro que compreendia a negativa, mas não concordava. Neste sentindo, vamos encaminhar o pedido para a Casa Civil, para tentar fazer a visita e levar nosso apoio”, disse.
Em reunião, entidades apoiam possibilidade criação de associação de refugiados venezuelanos
Na reunião entre movimentos convocada pela CSP-Conlutas para fazer o balanço das atividades realizadas pela caravana em Roraima, os presentes relataram os dias intensos de troca com os migrantes, ouvindo os venezuelanos e vendo de perto sua dura realidade.
Diante dessas atrocidades, a possibilidade de organização dos refugiados para garantia de seus direitos, recebendo para isso o suporte da CSP-Conlutas, foi destacada por todos como fundamental. Representações das Pastorais Sociais, CPT (Comissão Pastoral da Terra), Andes-SN, sindicato da construção civil de Roraima, Anel, Movimento Mulheres em Luta em Luta, entre outros participaram.
Foi consenso a importância da elaboração da cartilha e distribuição entre os venezuelanos e da expansão para as cidades vizinhas de Boa Vista, como Paracaíma, que faz fronteira com a Venezuela, e Mucajai e Amajari. Todas essas ações contaram com forte apoio das Pastorais Sociais, que compõem os setores da igreja.
Ivone Salucci, conselheira dos direitos da criança e do adolescente do Centro de Migração e Direitos Humanos de Roraima, parabenizou a ida da caravana e a possibilidade de criação de uma associação de migrantes venezuelanos.
Gilmara Fernandes, que esteve presente na reunião representando a CPT , faz um trabalho com os indígenas venezuelanos e discorreu sobre diversas denúncias de maus tratos. “Conversando com alguns deles, certa vez, me perguntaram o que significava a palavra porra, porque os militares só os chamavam assim”, relatou.
A diretora regional Norte 1 do Andes-SN Sandra Buenafuente destacou a ida da caravana para ver de perto como estão sobrevivendo os migrantes venezuelanos em Roraima. “É importante esse olhar com emoção, essa proximidade, o ver de perto a realidade para tomar as medidas necessárias de apoio”, frisou.
Após todas as falas, Atnágoras elencou os encaminhamentos a partir da ida da caravana a Roraima. Entre as propostas, a elaboração de um panfleto com as denúncias apontadas por todos. Além disso, que os companheiros da construção civil ampliem e busquem mais migrantes venezuelanos que queiram participar da reunião para a possibilidade de criação da associação, marcada para a próxima semana. Há ainda a perspectiva de realização de um ato público na cidade, cuja data será acertada nos próximos dias.