A aproximação entre comunidades rurais e indígenas pode ser uma estratégia efetiva na luta por direitos e reparação de dívidas.
Por Redação | Esplar
O Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria realizou em novembro dois eventos de lançamento do documentário e do livro “Quanto Vale Uma Vida?: povos indígenas e rurais exigem reparação das dívidas ecológicas e sociais”. O primeiro lançamento ocorreu no dia 16, durante a 25° Assembleia dos Povos Indígenas do Ceará. No dia 25, a comunidade Riacho do Meio sediou a exibição do documentário e de uma roda de conversa sobre a história de luta das famílias agricultoras que ali vivem.
As obras são frutos do projeto “Articulando povos indígenas e rurais para resistência ativa”, realizado pelo Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria com apoio da Rede Jubileu Sul Brasil, Jubileo Sur Americas e cofinanciamento da União Europeia. O projeto acompanhou a Aldeia Lagoa dos Tapeba, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, e a comunidade rural Riacho do Meio, em Choró, no Sertão Central. Enquanto os Tapeba vivem na luta contra a perda de seu território, as famílias agricultoras de Riacho do Meio enfrentam o avanço de agrotóxicos e transgênicos em suas áreas produtivas.
O objetivo do projeto foi mapear as dívidas ecológicas e sociais que o Estado brasileiro tem com esses dois povos e exigir reparação imediata. O professor Aécio Alves de Oliveira atuou como consultor do projeto e desenvolveu um estudo sobre essas dívidas. Os achados do estudo podem ser encontrados no livro “Quanto Vale Uma Vida?”. “As comunidades são diferentes, mas se igualam em um ponto que é fundamental. No trato com a natureza, como a não utilização de sementes transgênicas e agrotóxicos. Na preocupação com a saúde do planeta e a saúde humana”, pontua o pesquisador.
Para Magnólia Said, coordenadora do projeto, a aproximação entre comunidades rurais e indígenas pode ser uma estratégia efetiva na luta por direitos e reparação de dívidas. “Essa pesquisa mostrou uma coisa interessantíssima que é a articulação entre rurais e indígenas, que não se conhecem. Mostrou que é possível através de intercâmbios de experiências eles chegarem a pensar alternativas de sobrevivência de uma forma comum enquanto não vem a reparação de suas dívidas ecológicas e sociais”, explica a coordenadora.
Com roteiro de Aline Moura e Magnólia Said, a narrativa do documentário é tecida a partir do paralelo entre as dívidas ecológicas e sociais vivenciadas por indígenas e rurais. Nele, há depoimentos de Weibe Tapeba, Cassimiro Tapeba e Nágila Tapeba, da Aldeia Lagoa dos Tapeba, e de João Felix de Sousa, Antonia Dantas de Sousa e Jullyerlly Dantas de Sousa, da comunidade Riacho do Meio.
A estreia do documentário no canal do Esplar no YouTube será dia 10 de dezembro.