Nesta manhã de outono (17/05), desde os territórios originários do povo Avá-guarani no Paraguai, fronteira com o Paraná, o líder indígena Júlio Martinez se despediu de nós. Ele voltou aos ancestrais, deixando nossos corações entristecidos e em luto.
Júlio Martinez viu, sentiu e sofreu o desterro forçado dos Ava-guarani, retirados de suas comunidades violentamente pela ditadura militar do Brasil e do Paraguai para que a hidrelétrica de Itaipu fosse construída, na década de 1970. Nesses quase 40 anos, Seu Júlio foi lutador aguerrido, guerreiro incansável na luta por reparações ao seu povo e pela retomada dos territórios.
Seu Júlio volta aos ancestrais, mas não deixou apenas luto. A luta por seu povo é uma herança inestimável que ele nos deixa, junto com o sopro vivo da esperança pelas reparações urgentes a todas as violações sofridas pelos Avá-guarani desalojados por Itaipu e pela União.
“Queremos simplesmente aproveitar aquela área protegida porque aquela floresta sempre foi nossa. Queremos pescar e nos proíbem, queremos usar os outros elementos que a floresta tem, que nos oferece e sempre nos ofereceu, como nossas tradições”, afirmou o líder durante o lançamento do livro Deuda Histórica de Itaipú Binacional lado paraguayo, con el pueblo Ava Guarani Paranaense, no qual participamos durante a realização do II Seminário Internacional Soberania Energética, Integração Elétrica e Gestão Pública para o Bem Viver, em agosto de 2022, em Assunção.
A sua luta nos inspira a continuar Seu Júlio, nos dá esperança de que a reparação virá, assim como nos honram os momentos de aprendizado com sua sabedoria e de passos juntes nessa caminhada. A Rede Jubileu Sul Brasil expressa as condolências e pêsames aos familiares e parentes de todas as comunidades Avá-Guarani.
Júlio Martinez, presente!