“A fome sabe onde o pobre mora,
e a felicidade não sabe andar nos becos e vielas.
A Geografia da dor registra no mapa gente viva
com a barriga morta.
O arroz e o feijão alegam não ter nada a ver com isso.
Quem se importa?No vazio do garfo e da faca, o tempero da revolta.”
Sergio Vaz
O governo genocida de Jair Bolsonaro joga a favor da morte e do caos, da destruição psicológica da nossa população. Bolsonaro passou a ser reconhecido internacionalmente como um mito, o mito da morte, nenhum país no mundo tem o número de óbitos por dia como o Brasil, que já passou 3.000 mil mortes diárias pelo vírus pandêmico, isso é um exemplo evidente de que o genocídio em curso é um projeto político!
Na proposta orçamentária de 2021, que está em primeiro turno de votação, reserva-se para as forças armadas um reajuste em plena pandemia. O valor destinado à pasta prevê R$ 110,7 bilhões para as despesas primárias do Ministério da Defesa, alta de 4,52% em relação ao proposto pelo governo para 2020 (R$ 105,7 bilhões), sendo que referido aumento contou com a articulação direta de Bolsonaro.
Do outro lado, o orçamento para saúde voltou praticamente ao patamar pré-pandemia (2019), com orçamento para 2021 (R$125,8 bilhões) sem os gastos extras, possibilitados pelo complemento do “orçamento de guerra”. Voltamos aos patamares do orçado para o ano 2019.
Dado este cenário adverso para a organização popular, precisamos aguçar ainda mais nossa lucidez. Como diz a poesia, “é preciso estar atento e forte” e buscar nosso fortalecimento nas formas coletivas da socialização da vida.
Apenas a capacidade de organização coletiva nos mostrará a chave para pensarmos as formas de enfrentarmos nesta fase da “Guerra híbrida”, que começou com o golpe de 2016; passando pelas contra-reformas pós-golpe e o aprofundamento do neoliberalismo pelo modus operandi da necropolítica.
Diante deste “desgraçamento” das condições de vida do povo, a luta que vem sendo tratava para elevar a pauta e exigir que o auxílio emergencial seja de ao menos R$ 600,00 reais mensais, tem sido mais que fundamental e mobilizado diversos atores políticos, demostrando que a unidade na luta que nos coloca a força para combater essa realidade. A luta pela sobrevivência do nosso povo é primordial, o combater a fome é urgente, mas para além disso, vemos um esperançar de futuro em outros elementos do nosso cotidiano.
Dentro das comunidades populares vemos a solidariedade ser o tom e o compasso da vida. A eleição de mandatas coletivas e de representantes da comunidade LGBTIA+, mulheres, negras, indígenas, periféricas, nas eleições municipais de 2020, também são um ponto forte do nosso esperançar. Isso demostra que as resistências territoriais (sejam elas do nosso corpo político ou do chão onde vivemos) têm reverberado em cada vez mais pessoas que se reconhecem nessas representatividades.
A luta encampada pelos povos indígenas tem sido um grande exemplo de que internacionalizar nossas pautas é de fato uma estratégia eficaz para denunciar atrocidades e apresentar as propostas de combate às elas. As comunidades indígenas têm mobilizado pessoas, organizações e ao mesmo tempo garantindo seu protagonismo em ser a voz ativa desse processo de defesa de uma justiça socioecológica pela vida dos povos e da natureza.
Avançar na unidade da luta é justo e necessário. O momento nos coloca que o esperançar deve ser potencializado e o elemento chave da nossa atuação contra os ataques sistemáticos desse desgoverno que passa o Brasil e também contra o acirramento da exploração do sistema capitalista em todo mundo, que em meio a uma crise global sanitária vem possibilitando o acúmulo de riqueza ainda mais contundente aos poucos já privilegiado em detrimento da esmagadora maioria da população que sofre com a desigualdade.
E como disse o grande educador popular Paulo Freire, “é preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…“.