Após nove meses do golpe de Estado contra o governo encabeçado pelo presidente Evo Morales, nos unimos à denúncia contra o governo interino da Bolívia, que continua atentando contra a vida, a autonomia e a segurança do povo boliviano.
As consequências deste ataque à democracia boliviana e regional continuam se aprofundando e ressaltamos as decisões ilegais que estão acontecendo desde maio deste ano. Entre elas, a ascensão dos membros do Exército, das Forças Aéreas, majores-generais e vice-almirantes, levada a cabo a partir de um decreto presidencial que viola a Constituição, permitindo que as Forças Armadas entrassem no Congresso para ameaçar os parlamentares do Movimento para o Socialismo (MAS) caso a decisão não fosse aprovada.
Desde o dia 12 de novembro de 2019, a presidenta golpista Jeanine Áñez assegura que as eleições seriam realizadas em até 90 dias e, em uma tentativa de seguir no poder de forma fraudulenta, adiou novamente a votação para dia 18 de outubro. Um ano de governo ilícito, fraudulento e autoritário, que trouxe de volta os militares à esfera política, com seu recente poder sobre a população civil, ameaçando as liberdades democráticas.
Por esse motivo, a Central Trabalhadora Boliviana (COB, na sigla em espanhol) e o Pacto de Unidade, que reúne as organizações indígenas camponesas do Estado Plurinacional da Bolívia, exigem que o presidente do Supremo Tribunal Eleitoral, Salvador Romero, mantenha a data das eleições para 6 de setembro de 2020 e não use como desculpa a atual pandemia de COVID-19. A pandemia tem sido utilizada como pretexto para militarizar e continuar a repressão contra aqueles que estão contra o governo golpista, responsável pela crise sanitária e pelo aumento da fome gerada pela má gestão governamental e corrupção do atual regime.
Por isso, fazemos um chamado para manifestar nossa solidariedade com o povo boliviano e pedimos que as diversas forças sociais e a opinião pública em geral mantenham uma campanha permanente de apoio ao povo boliviano.
Desde o Jubileu Sul/Américas, rechaçamos todas as manifestações racistas e colonialistas contra a população que, de forma legítima, está mobilizada demandando o cumprimento de seus direitos constitucionais.