A Central dos Movimentos Populares do Rio de Janeiro (CMP) se manifestou em solidariedade às famílias do Jacarezinho, vítimas de um dos maiores massacres policiais da história recente no Rio de Janeiro.
A operação ilegal do estado ocorreu na cidade do Rio de Janeiro na manhã da última quinta-feira (6) deixou 25 pessoas mortas. É importante ressaltar que, apesar de operações policiais estarem proibidas no RJ segundo decisão do STF, o Estado brasileiro não respeita a vida nem as próprias leis.
Em uma crescente na América Latina, o militarismo tem como resultado o aumento expressivo dos casos de violência praticada contra a população negra no Brasil. Segundo o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense, GENI, desde junho de 2020, período em que a liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) foi assinada pelo ministro Edson Fachin, até março deste ano, 823 pessoas foram mortas pelo estado do Rio de Janeiro em operações policiais.
Em nota, o Movimento apontou o quão cínico o Estado pode chegar a ser, levando em conta a frieza daqueles que ordenam esse tipo de ação, mesmo contra a constituição. O atual governador do Rio de Janeiro é Cláudio Castro (PSC), o vice-governador eleito foi alçado a titular do cargo na última semana, devido ao impeachment do então titular, Wilson Witzel.
A CMP é uma das entidades parceiras da Rede Jubileu Sul Brasil na campanha Defesa dos Defensores e Defensoras dos Direitos Humanos. A iniciativa promove, dentre outras ações, a denúncia do racismo como instrumento de opressão institucional, e o financiamento da violência pelo capital corporativo e as burguesias nacionais.
Leia abaixo a nota na íntegra:
Nota de indignação, apoio e solidariedade as pessoa do Jacarezinho
A Central de Movimentos Populares do Rio de Janeiro se manifesta em apoio e solidariedade às pessoas moradoras da Favela do Jacarezinho e de toda região neste momento tão triste, covarde e aterrorizante porque passam. São homens, mulheres, velhos, jovens e crianças que foram massacrados, de forma cruel e escancarada, por um Estado canalha e cínico com o respaldo e a conivência dos gabinetes refrigerados dos magistrados, a cobertura estimulante da mídia e a cumplicidade de boa parte da Sociedade.
Sabemos que a população pobre e negra, desde sempre, é cotidianamente violentada de diversas maneiras, seja nos assassinatos das estatísticas, no encarceramento em massa, nos desaparecimentos e chacinas frequentes, na humilhação no dia a dia ou ainda na completa ausência de direitos: Direito a moradia digna, a saúde, a educação, a alimentação, ao lazer e a liberdade. Enfim, sob a ameaça e a execução efetiva e frequente do projeto de extermínio dos mais pobres, resultado visível e cruel de um sistema que explora, degrada e mata. Porém, o que vimos hoje, agravado pela pandemia, extrapola mais uma vez, escancara o projeto de extermínio e mostra que ele não tem limites.
O Estado vingador tirou mais uma vez a máscara e o disfarce. Neste momento, é importante reafirmar que não existe outra maneira de combater a violência e dar segurança a população que não seja o respeito a todos os Direitos Humanos e, sobretudo, o respeito às pessoas. Além disso, é bom lembrar que ao contrário do que pregam todos os dias, Datenas, Marcelos Rezendes, Ratinhos, a bancada da bala e todos os canalhas oportunistas como o Bolsonaro e tantos outros, que a política de segurança que vem sendo implementada até hoje não é a do respeito aos Direitos Humanos, como tentam enganar a população, mas justamente a política de total desrespeito aos direitos e o resultado sabemos qual é: não funciona! E só aumenta o problema.
Nenhum passo atrás na defesa de nossos valores na construção de uma sociedade justa, igualitária e livre, e em defesa dos direitos das pessoas e da vida.
Deixem o Jacarezinho viver em PAZ!
Rio de Janeiro, 06 de maio de 2021.
Central de Movimentos Populares do Rio de janeiro