Por  Ivo Poletto, do Fórum MCJS
Já faz três anos que a encíclica do papa Francisco sobre os cuidados que a humanidade precisa ter com o planeta Terra foi publicada. A Terra é a casa comum da humanidade e de todos os demais seres vivos. Todos têm direito à vida, e cabe aos seres humanos a responsabilidade de compreender que só há vida quando todas as condições socioambientais que ela precisa são cuidadas. Sem cuidar da água e da biodiversidade que há nela, do ar e de toda a atmosfera, das florestas e da sua biodiversidade, do solo e do subsolo com toda a sua biodiversidade, sem cuidar das pessoas, comunidades e povos, em todas as dimensões de sua existência, a vida na Terra e da própria Terra estarão ameaçadas.
Essa carta, em que convidou toda a humanidade, e de modo especial todas as pessoas cristãs, seguidoras de Jesus de Nazaré, a assumirem a urgência de mudar o estilo de vida e de lutar em favor das mudanças individuais e estruturais necessárias para evitar que o processo de aquecimento do planeta continue aumentando, agravando as mudanças climáticas, faz parte da virada profética deste Papa latino-americano. Uma profecia assumida em práticas que indicam caminhos a serem seguidos, de modo especial na relação com empobrecidos existentes no mundo de hoje, vivam eles nas ruas das cidades ou migrando por causa de guerras e das mudanças climáticas, vivam no campo sem terra ou desempregados nas cidades, sejam eles crianças ou idosos abandonados, ou pessoas vítimas de tráfico e exploração sexual.
Em seu conjunto, a virada profética tem como centro o enfrentamento da profunda crise socioambiental que afeta toda a humanidade. Crise enfrentada por todas as iniciativas que buscam formas de produção e de consumo que convivam e cuidem das condições necessárias à vida, e agravada por quem mantém o sistema econômico que nos domina e que mata.
Na crise dos transportes que estamos enfrentando no Brasil, por exemplo, não basta a diminuição dos preços dos combustíveis, por mais que seja necessário. Já deveríamos estar avançando no uso de caminhões, ônibus e carros elétricos, e com energia produzida com a transformação dos raios do sol em todos os telhados, deixando o petróleo no subsolo, ou utilizando-o em produção pouco poluente.
Vele retomar a Laudato Sí, acolhendo as denúncias, as boas notícias e o convite insistente feito nela para que mudemos nosso estilo de vida e lutemos por mudanças estruturais no Brasil e em todo o mundo.
 

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