Qual o custo da Copa no Brasil? De onde vem esse dinheiro? Quem se beneficia? Afinal, para quem é a Copa? As respostas para estes questionamentos motivaram a criação da “Cartilha Copa Para Quem”, que será lançada hoje (3) durante o Encontro dos Atingidos pelos Megaeventos e Megaempreendimentos, que acontece até amanhã em Belo Horizonte, Minas Gerais.
A cartilha mostra claramente os gastos exorbitantes que estão sendo efetuados nas doze cidade-sede da Copa, evidenciando o envolvimento dos estados com gastos públicos que bem poderiam ser empregados em outras necessidades mais urgentes no país.
A publicação também denuncia violações aos direitos da cidadania promovidos pela Lei Geral da Copa. Durante todo o período do mundial, o país viverá um estado de exceção.
De acordo com os dados,o Brasil sediará uma das Copas mais caras de todos os tempos. A Copa do Japão e da Coréia (2002) custaram 4,6 bilhões de dólares, a da Alemanha (2006), 3,7 bilhões de euros e a da África do Sul (2010), US$ 3,5 bilhões. Estimativas, em 2007, já apontavam que o Brasil faria a Copa mais cara da história com um orçamento de US$ 6 bilhões, que na época equivaliam a R$ 10,6 bilhões. Em janeiro de 2010, o Ministério do Esporte estimou o gasto total com a Copa em R$ 20,1 bilhões. Em 2014, a estimativa é que esses gastos já aumentaram significativamente.
Pesa ainda sobre o megaevento esportivo, o descontentamento da população brasileira. Uma pesquisa realizada em fevereiro deste ano, pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) apontou que somente 26,1% dos e das brasileiras apoiavam a Copa.
Além disso, desde que foi o Brasil foi anunciado como país para sediar o megaevento foram várias as violações registradas contra a população até os dias de hoje. Remoções forçadas, “higienização” social, proibição do trabalho de ambulantes, uso de força policial em manifestações, criminalização dos movimentos sociais, exploração de mão de obra, entre outras.
Para Miguel Borba, historiador e membro do PACs, a cartilha é um importante instrumento de denúncia sobre a forma como a Copa do Mundo está sendo utilizada para aprofundar um modelo de desenvolvimento elitista e violador de direitos na sociedade brasileira.
Miguel destaca ainda que o material traz questões do ponto de vista econômico, mostrando que os gastos públicos com a Copa são de fato gigantescos, mas os beneficiários são apenas alguns poucos – e poderosos – grupos privados.
Ele diz que a Cartilha serve para desmascarar a ideia de que os mega-eventos deixam um legado sócio-econômico positivo para o país, mostrando que a maioria da população pobre e trabalhadora já vem arcando com um fardo econômico ainda maior em função da Copa e Olimpíadas, devido à concentração de capital e redirecionamentos orçamentários.
“Em um momento em que o governo se esforça para convencer que os gastos foram pequenos e também lança cartilhas, os movimentos sociais precisam de um instrumento que ajude a enfrentar a propaganda oficial e exigir a transformação desse modelo”, comentou.
Por Ana Rogeria, Rede Jubileu Sul Brasil.