A Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale realiza na próxima segunda-feira, dia 25, a aula pública “De Eldorado dos Carajás a Mariana: as violações de direitos humanos cometidas pela Vale”. A aula acontecerá às 11h, no Largo Carioca, Centro do Rio de Janeiro.
A iniciativa contará com a participação de Luiz Jardim, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Raquel Giffoni, professora do IFRJ; Lucas Moraes – RUA – Juventude Anticapitalista; Lideranças Krenak e atingidos da Bacia do Rio Doce. Além da aula, a programação conta com apresentação de teatro, exposição de fotos, ações de rua com grafite.
A Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas epla Vale lançou um comunicado, chamando para a ação de segunda-feira. Confira:
De Eldorado dos Carajás a Mariana, de Peru a Moçambique, do Canadá à Indonésia: a Vale viola direitos pelo mundo.
A Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale – composta por organizações sociais, sindicatos, movimentos sociais, ambientalistas, religiosos, do Brasil e de outras partes do mundo como Canadá, Moçambique, Peru e Indonésia – denuncia desde 2010 a prática constante de violação de direitos humanos e ambientais da empresa Vale S.A., privatizada em 1997.
A Vale se esforça para transmitir à opinião pública a imagem de respeito ao meio ambiente e às comunidades atingidas, mas apesar da ampla difusão desta imagem na sociedade, a realidade é que a Vale tornou-se símbolo de violentos impactos socioambientais, desrespeito a leis trabalhistas e ambientais e de violações de direitos humanos, mascarados pelos milhões gastos em publicidade e na suposta responsabilidade social da empresa. A vale recebeu em 2012 o prêmio de pior empresa do mundo.
Estamos aqui hoje para denunciar esta empresa e suas práticas perversas e violadoras de direitos humanos (de comunidades, indígenas, ribeirinhos, pescadores, pequenos agricultores) e ambientais (poluição e contaminação de territórios e de seus mananciais de água).
O rompimento da barragem de rejeitos de minério da Samarco S.A., cujas acionistas são as empresas mineradoras BHP Billiton Ltda e a Vale S.A., em 05 de novembro de 2015 em Mariana, MG, causou um rastro de destruição e morte que acompanha a grande mineração. O maior desastre ambiental ocorrido no Brasil foi um CRIME, e as populações atingidas continuam lutando por justiça após 6 meses do desastre.
Ainda está em risco a dignidade humana de 3,2 milhões de pessoas, população estimada da bacia do Rio Doce, onde foram derramados 62 milhões de metros cúbicos de lama tóxica. O persistente percurso da lama atingiu o Rio Doce e todos os municípios cortados por ele entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, até o Oceano Atlântico. No caminho, a lama destruiu casas, igrejas, escolas, currais, pontes, plantações e criações. Mais de 8 milhões de toneladas de peixes contaminados e mortos já foram retiradas do rio.
A quantidade de rejeitos prova que a empresa tinha ultrapassado, e muito, a capacidade da barragem. A ganância falou mais alto do que a vida! A Vale não é mera acionista da Samarco, como declara publicamente e deve ser responsabilizada pelo desastre!
Outro caso protagonizado pela Vale diz respeito ao massacre de Eldorado dos Carajás, sul do Pará, em 1996, quando 21 trabalhadores do MST foram brutalmente assassinados e centenas de trabalhadores feridos em operação policial para desobstruir uma via fechada em protestos pela reforma agrária.
Nos autos dos processos a Vale S.A. aparece como a mandante do massacre, pois financiou todos os gastos para que as tropas da polícia militar chegassem até o local.
Esses são somente dois casos da brutalidade e desrespeito em que atua a Vale S.A. e outras grandes corporações.
Exigimos justiça para todas as vítimas do desastre socioambiental da Vale e da BHP e que o Acordo firmado entre Governo Federal, Governo do Estado de Minas Gerais, Governo do Estado do Espírito Santo, Samarco Mineração S.A., Vale S. A. e BHP Billiton Brasil LTDA, sem a participação dos atingidos, seja anulado e que um novo processo de negociação seja estabelecido contemplando a participação efetiva dos atingidos.
Exigimos que o Novo Código da Mineração, que está para ser votado no congresso, seja debatido publicamente com toda a sociedade civil para evitar que novas Marianas e Bacias do Rio Doce acorram.
De Eldorado dos Carajás a Mariana, de Peru a Moçambique, do Canadá à Indonésia: a Vale viola direitos pelo mundo.