A carta apresenta a trajetória da mobilização que há 27 anos faz do 7 de setembro um dia de luta e articula as forças populares durante todo o ano em torno do tema “Vida em primeiro lugar!” O documento destaca também orientações para participar desta grande mobilização no dia 7 de setembro.
Redação | Coordenação Nacional do Grito dos/as Excluídos/as
Nestes 27 anos de história, o Grito dos Excluídos e das Excluídas mudou a cara do 7 de Setembro e da Semana da Pátria, chamando o povo para descer das arquibancadas dos desfiles cívicos e militares e participar, ativamente, na luta por seus direitos, nas ruas e praças, nos centros e nas periferias de todo o Brasil. Para ecoar seus gritos de denúncia e de anúncio de um projeto de país mais justo e igualitário, na defesa da dignidade da vida em primeiro lugar.
Estar nas ruas é um ato democrático e, na Semana da Pátria, é um tempo favorável para seguirmos firmes nessa defesa.
O Grito dos Excluídos e das Excluídas é um processo de construção coletiva, é muito mais que um ato. Por isso, nossa luta não se encerra no dia 7 de Setembro. Nossa luta é uma maratona, não é uma corrida de 100 metros. O Grito é uma manifestação popular carregada de simbolismo, espaço de animação e profecia, sempre aberto e plural de pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas da população mais vulnerável.
Estamos vivendo um momento de crises – social, ambiental, sanitária, humanitária, política e econômica – sobretudo causadas pela ação nefasta de um governo genocida, negacionista e promotor do caos que visa principalmente destruir, de qualquer forma, a democracia e a soberania do nosso país.
O que nos motiva a gritar em 2021?
- As quase 580 mil mortes pela COVID-19, muitas das quais poderiam ter sido evitadas;
- A corrupção na negociação de compra e distribuição das vacinas contra a COVID-19 (CPI);
- O desmonte da saúde pública (SUS);
- A carestia e a fome que voltaram com tudo e assolam as camadas empobrecidas da população;
- O desemprego;
- O desvio do dinheiro público, através do orçamento federal, para o pagamento de juros da dívida pública, ao invés de investir em políticas sociais;
- A falta de moradia, que se agrava com os despejos criminosos;
- A não demarcação das terras indígenas e o grito profético dos povos indígenas dizendo “Não ao Marco temporal”;
- A denúncia contra o tratamento dado aos povos em situação de rua, sejam de qualquer origem, migrantes e refugiados ou deslocados internos, que lutam e resistem por dignidade e cidadania universal no Brasil;
- A cultura do ódio disseminada pelo governo federal e seus aliados que ataca e retira os direitos humanos de mulheres, LGBTQIA+, negros/as, dos povos originários – Indígenas e Quilombolas, das pessoas portadoras de deficiência, do/as trabalhadores/as, dos setores excluídos da sociedade.
Não podemos ficar indiferentes a essa realidade que atenta contra a vida do nosso povo, porque acreditamos que é possível e necessária a construção de um outro modelo de sociedade!!!
Vamos à luta, por um país verdadeiramente independente!
Sem genocídio da população pobre, negra e indígena, com justiça social e oportunidades para que o nosso povo volte a sonhar e ter orgulho de ser brasileiro.
Haverá atos e manifestações conjuntas, do 27º Grito dos Excluídos e das Excluídas com a Campanha Fora Bolsonaro, em todo o Brasil, de forma presencial, onde for possível, e de forma virtual pelas redes sociais.
Orientações sanitárias e de segurança durante as manifestações:
– Manter o distanciamento social recomendado pela OMS e o uso de máscaras e álcool gel;
– Carregar sempre água suficiente para se hidratar durante os atos;
– Não responder às provocações de grupos bolsonaristas;
– Estar sempre em grupos, sobretudo na chegada e na dispersão dos atos;
– Evitar o confronto direto e indireto, manter o foco no tema e lema do Grito;
– Pensar e organizar a segurança durante o processo de construção e realização das atividades (criar grupos de coletivos de advogados/as com o objetivo de garantir proteção jurídica para os/as militantes nas ruas);
– Em caso de abordagem policial, manter a passividade para evitar confronto direto, informando que o ato é pacífico e democrático;
– Em casos de violência, se possível, aproxime-se de pessoas que possam filmar ou fotografar o ocorrido, para servir de prova testemunhal.