Por Flaviana Serafim – Jubileu Sul Brasil
“O cerne é a construção coletiva de objetivos, planos, desenvolvimento e avaliação. Muito raramente propomos uma atividade ‘sozinhos’, mas através de espaços de articulação que, em geral, buscam uma consolidação”. Seguindo essa metodologia, como descreve a economista Beverly Keene, coordenadora do Diálogo 2000, a organização avança na realização do projeto sobre dívida, direitos humanos e extrativismo.
Mesmo com os desafios enfrentados ao longo dos dois anos da ação, realizada em parceria com as Redes Jubileu Sul/Américas e Jubileu Sul Brasil, o projeto tem cumprido seus objetivos centrais: alcançar maior entendimento quanto à inter-relação entre a defesa dos direitos humanos e os direitos da natureza e a superação da lógica do sistema de endividamento perpétuo; ampliar a articulação entre as lutas territoriais contra o extrativismo, as campanhas e ações de enfrentamento ao sistema de endividamento e sua ilegitimidade, promovendo alternativas de soberania e direitos.
No período, o Diálogo 2000 continuou a organização e/ou a participação em palestras informativas, debates, seminários, workshops e intercâmbios sobre a inter-relação da dívida, direitos humanos e extrativismo, alcançando diversos públicos, principalmente em atividades virtuais mensalmente, além de fomentar a Autoconvocatoria por la Suspensión del Pago y Investigación de la Deuda (Auto Convocatória pela Suspensão do Pagamento e Investigação da Dívida), que discute a questão da dívida e incentiva a mobilização popular contra o sistema de endividamento.
Nas articulações e campanhas, fortaleceu alianças, ações de incidência e mobilizações, entre as quais a Marcha Plurinacional em Defesa da Água, centrada na realização de um pronunciamento comum e ações descentralizadas em torno do Dia Mundial da Água; o #Chubutazo de apoio à mobilização contra a megamineração na província de Chubut; o #Atlanticazo contra o projeto de exploração de petróleo na costa de Mar del Plata; a denúncia e solidariedade à Assembleia de El Algarrobo contra o avanço da megamineração e a repressão em Andalgalá.
“Em toda a atividade, nosso coletivo tem mantido uma especial orientação e dinamização em torno da centralidade do elo da dívida – o modelo de produção extrativa, que se reflete na decisão da Autoconvocação de apoiar, divulgar e participar em diversas ações pela água e os direitos contra o extrativismo – conseguindo, para além da própria Autoconvocação, a afirmação de que ‘a dívida é com os povos e a natureza’, não com o Fundo Monetário Internacional ou especuladores financeiros”, relata Beverly.
Os avanços na comunicação, para produção de materiais e divulgação da Autoconvocatoria completam os destaques do período. Foram produzidos materiais informativos, formativos e para mobilização próprios da ação, sempre com a ênfase na defesa de direitos contra o modelo extrativista, o sistema de dívida ilegítima e sua inter-relação.