Por Isabela Vieira – Jubileu Sul Brasil*
No último dia 18 de abril, a Ação “Mulheres por reparação das dívidas sociais” reuniu mobilizadoras e articuladoras para abordar a importância de olhar para a juventude e repensar a forma que ela é percebida e ouvida.
A mística inicial abordou o que é ser jovem, qual a relação deles com o território e quais os medos e responsabilidades que enfrentam. Após isso, Carmem Lucia Teixeira, co-fundadora do Cajueiro – Centro de Formação, Assessoria e Pesquisa em Juventude, conduziu o encontro questionando a posição adultocêntrica da sociedade dominada por homens, e ressaltou a necessidade de refletir sobre isso e de resgatar o diálogo com essa geração.
Foram discutidos também o papel da escola e do trabalho nesse cenário e a discriminação que os jovens sofrem no mercado de trabalho por conta do lugar em que vivem. Carmem pontuou que mesmo a visão de trabalho na sociedade tendo mudado, as cobranças adultas em cima dos jovens permanecem as mesmas.
Para Jurema Louzada, participante da formação e educadora física, é importante começar a pensar em formas de enxergar e dar espaço a esse público. “Não há políticas efetivas que garantam os direitos dos nossos jovens. Sabemos que nas periferias a juventude está limitada a sobreviver conforme a imposição do sistema, sem espaço de educação e lazer” conta a professora.
Ao longo da reunião, outras participantes tiveram espaço para sanar dúvidas e compartilhar experiências sobre as ações e projetos em que atuam. Além disso, Carmem Lúcia ofereceu dicas e estratégias de como lidar e conduzir entrevistas com jovens. Foram sugeridos materiais e formas de aproximação que não carregam estigmas e rótulos constantemente atrelados a esse público.
Após a explanação feita pela palestrante convidada, Alessandra Miranda, participante da formação e assessora técnica nacional da Ação “Mulheres por reparação das dívidas sociais”, compartilhou a percepção que tem das necessidades não atendidas na comunicação com jovens. “A gente vai ter que se qualificar mais na perspectiva da sensibilidade para trabalhar com a juventude”, afirma.
Outros assuntos discutidos foram a reforma do ensino médio, o papel da tecnologia na mudança cultural da comunicação e do ensino, como o isolamento e a pandemia afetaram o desenvolvimento social dessa nova geração e qual o papel desempenhado pela violência policial e pelo crime nesse isolamento que perdura ainda hoje em algumas comunidades.
Ao final do encontro, Carmem Lúcia levantou o questionamento de qual é o alcance das ações realizadas pelos movimentos sociais. “Quando a gente pensa em juventude precisamos refletir ‘como é que a nossa ação podia tocar nisso?,’ porque a gente lida com uma série de questões estruturais” finaliza.
As iniciativas da Ação Mulheres por reparação das dívidas sociais contam com apoio do Ministério das Relações Exteriores Alemão, que garantiu ao Instituto de Relações Exteriores (IFA) recursos para implementação do Programa de Financiamentos Zivik (Zivik Funding Program).
As ações também integram o processo de fortalecimento da Rede Jubileu Sul Brasil e das suas organizações membro, contando ainda com apoios da Cafod, DKA, e cofinanciamento da União Europeia.
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*Com supervisão de Flaviana Serafim