Por Roberto Malvezzi (Gogó)

Quando debatíamos as fragilidades das conquistas sociais dos governos Lula-Dilma, um dos assombros era a possível volta da miséria. As reformas mais estruturais não tinham vindo e sempre achávamos que, com um governo regressista, o volta poderia acontecer.

O medo virou realidade antes de qualquer previsão. A estimativa do Banco Mundial é que 3,6 milhões de brasileiros regressem à miséria até o final desse ano.

Quem já viu tanta fome, sede, migração, saques, mortalidade infantil, se tiver um pingo restante de humanidade, não gostaria mais de ver essas cenas. Talvez menos aqui no Nordeste – já que a sociedade civil construiu uma infraestrutura mais sólida que os programas sociais -, mas, sobretudo nas periferias das grandes cidades.

Mesmo em crise, a sexta ou sétima economia do mundo não precisaria produzir miséria para se reajustar, se houvesse algum critério humanitário no reajuste.

O atual governo vai dizer que o retrocesso é uma herança da desorganização econômica oriunda dos governos anteriores. Jamais vai admitir que aprofundou a problemática econômica e que está tentando ajustar a economia às custas dos trabalhadores, aposentados e da miséria dos mais pobres.

Mas, a volta das crianças aos faróis, dos pedintes em mesas de bar e nas esquinas, no faz pensar que esse país realmente não tem jeito, que as forças reacionárias sempre vencem. É o pais dos “sangrados e ressangrados, capados e recapados”, como dizia Capistrano de Abreu.

Outro sinal é a anarquia social, o “mundo cão” das facções, quadrilhas, assassinatos, assaltos, assim por diante.

Não temos para onde ir, a não ser continuar combatendo, com o pouco que temos, as forças que produzem miséria para manter a acumulação do capital.  Mas, esse capital tem rosto e tem nome. Basta ver o noticiário de cada dia. 

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