Por Equipe do Observatório da Imprensa
Um ano depois da primeira edição do Atlas da Notícia — uma iniciativa inédita de jornalismo de dados para mapear a imprensa regional e local no Brasil — o Observatório da Imprensa publica a segunda edição do levantamento. Ao longo dos últimos meses, formamos uma rede colaborativa liderada por cinco jornalistas pesquisadores que, por sua vez, contaram com o apoio de 19 escolas de jornalismo e 110 voluntários. O trabalho é supervisionado pelo Projor e desenvolvido pelo Volt Data Lab.
Nesta segunda edição, além de indicar a existência de veículos jornalísticos dos meios impresso, digital e de radiodifusão, iniciamos também um levantamento mais profundo, com informações sobre a periodicidade e modelo de negócios. Esse corte na pesquisa foi feito em 1.000 veículos de uma base total de 12.467 catalogados.
A segunda edição revela que cerca de um terço dos municípios brasileiros, representando 34 milhões de pessoas, corre o risco de virar desertos de notícias. Os chamados quase desertos são localidades que possuem apenas um ou dois veículos jornalísticos em seu território, correndo maiores riscos de virar desertos noticiosos.
Através de uma nova análise, constatou-se também que outros 30 milhões de brasileiros, ou quase 15% da população nacional, vivem em desertos de notícia – municípios sem a presença registrada de veículos jornalísticos locais, como jornais, sites noticiosos, emissoras de TV e rádios. Os desertos de notícia representam 51% dos municípios pesquisados, onde vivem 30 milhões de pessoas.
Atlas da Notícia detectou a presença de veículos jornalísticos em 2.710 municípios. Trata-se de um universo de 177 milhões de pessoas que correspondem a 85% da população brasileira. Quase a metade desses municípios (49%) tem ao menos um veículo jornalístico.
O novo levantamento identificou, ainda o fechamento de 81 veículos jornalísticos, a maioria impressos, desde 2011. Os estados que mais perderam veículos foram São Paulo (31) e Minas Gerais (27). Tais dados se baseiam num levantamento próprio e em informações da Associação Nacional de Jornais (ANJ).

É preciso esclarecer que os dados do Atlas da Notícia 2.0 não são diretamente comparáveis com o primeiro levantamento feito em novembro de 2017. Nossa primeira edição considerava apenas os meios impresso e digital para indicar desertos de notícias.
Numa segunda etapa do Atlas, publicada em julho de 2018, os desertos foram considerados apenas para radiodifusão – rádio e televisão.
Agora, pela primeira vez, o levantamento inclui todas as mídias. Além disso, as análises anteriores usaram dados populacionais do Censo de 2010, ao passo que a versão mais recente utiliza dados de 2017.


Os quase desertos de notícia abrangem, portanto, 30% dos municípios brasileiros, onde vivem 34 milhões de brasileiros.


O levantamento indicou também uma forte dependência do rádio e do impresso fora dos grandes centros urbanos do país.

Nas capitais, sobretudo na região sudeste, a situação se inverte. A maior parte dos veículos jornalísticos são digitais.
 
Os municípios do norte e nordeste tem o pior cenário em relação a cobertura regional: até 70% das cidades do norte do país estão em desertos de notícias, enquanto no sudeste o índice cai para 38%.

A pesquisa do Atlas da Notícia também procurou estabelecer uma correlação entre o índice de desenvolvimento humano e a presença de veículos noticiosos, embora não seja possível inferir uma relação de causalidade entre os dois tipos de dados (aspecto que demandaria pesquisas futuras).

Um outro dado curioso levantado pela pesquisa é a dificuldade de acesso à internet em algumas regiões do país. O Brasil possui 234 milhões de linhas móveis ativas e 30% dos domicílios não têm redes de internet disponíveis.
O que é o Atlas da Notícia?
Uma iniciativa para mapear os veículos Jornalísticos no território brasileiro e fornecer dados a pesquisadores, empreendedores e jornalistas a fim de gerar novos conhecimentos sobre jornalismo local no Brasil.
Atlas da Notícia é realizado pelo PROJOR – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo em parceria com o Volt Data Lab, responsável pela pesquisa, análise e visualização dos dados. A Abraji, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, é parceira institucional do projeto, que é inspirado na iniciativa America’s Growing News Deserts, da Columbia Journalism Review.
A segunda edição do Atlas da Notícia é financiada pelo Facebook.
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Equipe institucional
Angela Pimenta, Presidente do Projor
Jornalista e mestre em Jornalismo pela Columbia University School (2001). Presidente do Projor desde julho de 2015, é coordenadora do Atlas da Notícia e coordenadora-executiva do Projeto Credibilidade. Foi editora-sênior da revista Exame em Brasília (2007-2011) e representante da Online News Association no Brasil (2009-2014).
Adriana Garcia, Diretora de Operações do Projor
Jornalista, professora e consultora em design estratégico e mídias digitais, tem mestrado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e foi J.S.Knight fellow na Universidade de Stanford, na Califórnia (2013). Atuou na Reuters, Folha de S.Paulo, VejaSP e Exame. Foi diretora de Comunicação Digital da Rio 2016. Fundadora da Orbital Mídia.
Pedro Varoni, Diretor Editorial e editor do Observatório da Imprensa
Jornalista, professor e pesquisador, formou-se em jornalismo em 1989 pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É mestre e doutor em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Esteve no Grupo EPTV e foi diretor de Jornalismo da TV Sergipe. Foi diretor geral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) em 2016. Cursa pós-doutorado no Departamento de informação e Cultura da USP.
Francisco Belda, Conselheiro do Projor
Jornalista, professor do Departamento de Comunicação Social e vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Tecnologia (PPGMiT) na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Foi repórter, editor, gerente e diretor de empresas jornalísticas no interior de São Paulo. Professor visitante na Brandeis University, em Massachusetts, Estados Unidos, é doutor em Engenharia de Produção e mestre em Ciências da Comunicação, ambos na Universidade de São Paulo (USP).
Pesquisadores regionais
Marcela Donini (Sul)
Jornalista baseada em Porto Alegre com experiência de mercado desde 2004, graduou-se pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Passou pelo jornal Zero Hora e pelas agências de conteúdo Cartola e Fronteira. Como freelancer, já escreveu para as revistas Piauí, Superinteressante e Galileu, além dos portais Ig, Veja e Terra. É mestra em Comunicação Social e especialista em Jornalismo Digital e em Teorias e Práticas do Ensino. Leciona na faculdade de Jornalismo da ESPM-Sul, onde também coordena a agência experimental de jornalismo. É cofundadora do Farol Jornalismo, iniciativa independente de produção e pesquisa em jornalismo. Email: marcela[a]faroljornalismo.cc
Dubes Sônego (Sudeste)
Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em 19 anos de profissão, atuou nas redações de Gazeta Mercantil, Valor Econômico, Meio&Mensagem, Revista Foco, América Economia, Brasil Econômico, iG e Época Negócios. Atualmente, trabalha como freelancer. É também fotógrafo diletante e estudante de Letras na Universidade de São Paulo (USP). Email: dsonegojunior[a]gmail.com
Jéssica Botelho (Norte)
Jornalista e pesquisadora. É diretora da Agência Ajuri (projeto acelerado pelo New Ventures Lab das Chicas Poderosas), mestranda no Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação da Universidade Federal do Amazonas e colaboradora no Centro Popular do Audiovisual. Atua em temas relacionados à jornalismo e questões digitais na perspectiva amazônica. É embaixadora do Youth Safernet Brasil no Amazonas e integrante do Youth Observatory of Internet Society e egressa da Escola de Governança da Internet do CGI.Br e da Escola InternetLab para Jornalistas. Email: jessicabotelho[a]agenciaajuri.com
Loraine França
Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Autora da grande reportagem multimídia “Eles vivem no meio da rodovia”. Foi produtora na TV MS Record e repórter na Rádio Educativa UFMS. Atualmente, é repórter na Rádio CBN Campo Grande. Pesquisadora no Laboratório de Investigação em Jornalismo, Direitos Humanos e Narrativas Complexas. (GRIOT/UFMS/CNPq).
Mariama Correia
Mariama Correia trabalhou por mais de três anos como repórter do caderno de Economia da Folha de Pernambuco. Também assinou matérias na Veja Comer e Beber, da Editora Abril, no portal The Intercept Brasil e no Projeto Draft. Tem cursos nas áreas de jornalismo de dados (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), fact-checking e mídias digitais (Kings Brighton). Atualmente escreve para o coletivo de jornalismo investigativo Marco Zero Conteúdo.
Equipe operacional
Sérgio Spagnuolo, Editor do Volt Data Lab
Sérgio Spagnuolo é jornalista, fundador e editor da agência de jornalismo de dados Volt Data Lab, além de mestre em Relações Internacionais e Direitos Humanos pela PUC-SP e colaborador do site de checagem Aos Fatos. Paulistano não praticante, divide seu tempo entre São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro. Em 2016, foi fellow do Tow-Knight Center for Entrepreneurial Journalism, um programa de empreendedorismo para jornalistas, em Nova York. Já atuou pelas as agências Reuters e Mergermarket, publicou nas revistas AméricaEconomia, Época Negócios, IstoÉ Dinheiro e Capital Aberto, entre outras, e colaborou com os portais piauí, Yahoo News, Jota, Estadao.com, UOLe Último Segundo. Também trabalhou no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), como oficial de comunicação do Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (Centro RIO+).
Renata Hirota, Analista de Dados
Renata é graduada em Jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP) e atualmente cursa Estatística na mesma instituição. Já viveu na Espanha, Portugal e EUA, escrevendo para agências de notícias e revistas de viagem. No VOLT, une seu ofício antigo à nova empreitada no universo dos dados, com destaque para atuação nos grandes projetos da agência, como o Atlas da Notícia e reportagens que envolvem mais capacidade analítica.
Angélica Martins, Jornalista
Jornalista carioca especializada em economia, com experiência em jornais diários e cobertura do orçamento público. Também já publicou em revistas como Capital Aberto e atualmente une a vivência de repórter com o mundo dos dados. No VOLT, trabalha principalmente com agregação, extração, limpeza e organização de dados.

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