A democracia não é um governo, é um processo histórico em construção
Por Comunicação I Jubileu Sul/Américas, com tradução do Jubileu Sul Brasil
Os movimentos e organizações sociais que compõem a Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo se reuniram em Brasília no dia 26 de fevereiro deste ano. A Rede Jubileu Sul/Américas esteve presente, sendo este um espaço do qual passou a fazer parte desde a sua criação, em 2015.
O objetivo do encontro foi discutir os modelos de integração, o contexto político das Américas e as estratégias de formação dos povos da região. As organizações analisaram aspectos sobre a defesa da democracia e da soberania popular, elementos-chave que contribuem para consolidar caminhos rumo à integração regional, o que constitui um aporte para combater o neofascismo e contribuir para a consolidação de cenários onde seja garantido o respeito pelos direitos fundamentais.
Além da Rede Jubileu Sul/Américas (Rede JS/A), representantes da Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), da central sindicatos como PIT-CNT (Uruguai) e CUT (Brasil), ALBA Movimientos, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e Amigos da Terra América Latina e Caribe (ATALC).
Francisco Vladimir Lima, articulador sub-regional da JS/A no Cone Sul, foi delegado para representar a rede nesta atividade e considera que a principal contribuição da organização nestas análises tem sido fortalecer a questão da verdadeira democracia dos povos e enfatizou a situação que vive o povo haitiano, que luta diariamente para defender sua soberania contra a ameaça de uma nova intervenção militar. A Rede JS/A também firmou sua posição: não à intervenção no Haiti. Da mesma forma, manifestou repúdio à repressão do povo peruano por parte do governo golpista e convocou a se juntar às múltiplas vozes globais que exigem respeito e garantias para as pessoas que têm o direito de se manifestar.
O articulador se pronunciou ainda sobre o problema do endividamento dos países do Sul Global, onde o sistema financeiro e capitalista, por meio de suas instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, apontam cada vez mais para a financeirização da vida. Em sua atuação, a Rede JS/A tem compartilhado processos de resistência que se realizam nas comunidades e territórios, onde as organizações integrantes da rede têm impacto. Da mesma forma, questionou como seria possível dialogar com a sociedade civil nos territórios. “Ter governos progressistas requer nossa atenção e nesse sentido é urgente dialogar com os movimentos, com a juventude, com as mulheres e com os afrodescendentes”, afirmou.
Sobre a importância de integrar a Jornada Continental, Vladimir afirmou que “é um importante espaço de articulação porque nos coloca em contato com as agendas e linhas de ação dos movimentos sociais e sindicais da América Latina e Caribe.”
Para o articulador, “nossa pauta como Rede está ali fixada e certamente dialoga com os propósitos da Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo, em aspectos como a defesa dos territórios, o movimento antipatriarcal, antissexista, antirracista, anti-homofóbico. A busca de caminhos de integração e democracia para a real soberania dos povos e países diante dos modelos extrativistas que violam a vida, os territórios e os corpos das mulheres. Por isso, lutamos contra esse modelo de capital que exclui e gera fome, violência e mata jovens na periferia de nossa América Latina e Caribe”.
De acordo com Vladimir, “outro tema em que unimos forças é toda a situação injusta das pessoas que migram. Estamos participando desse espaço para fazer conexões e uma pauta comum e, principalmente, denunciar todo o problema do endividamento, da financeirização e da precarização da vida.”
O encaminhamento final da reunião foi convocar uma mobilização conjunta para que 2023 seja um ano de encontro e renovação da esperança dos povos a partir da defesa da democracia e da integração da região latinoamericana e caribenha.