Encontro definiu as prioridades das pastorais sociais, lançou o Projeto Popular “O Brasil que Queremos: o Bem Viver dos Povos” e discutiu processos de formação, entre outros.
Por Osnilda Lima | Comunicação Cepast-CNBB
Brasília, 3 de agosto de 2024 – A Comissão para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Cepast-CNBB) reuniu-se nos dias 2 e 3 de agosto, em Brasília, com as coordenações de suas pastorais e organismos para discutir a missão sociotransformadora da Igreja diante do contexto socioambiental e político atual.
O encontro buscou definir as prioridades das pastorais sociais, lançar e divulgar o Projeto Popular “O Brasil que Queremos: o Bem Viver dos Povos”, e discutir processos de formação, sustentabilidade e acompanhamento da assessoria da Comissão junto às pastorais e organismos.
Durante o evento, houve momentos de compartilhamento das ações realizadas pelas organizações, orações, reflexões, debates e planejamento de trabalhos conjuntos.
Conjuntura da realidade – o professor João Décio Passos contribuiu para a reflexão, aprofundando sobre a convergência entre fundamentalismos políticos e religiosos no Brasil. A reflexão do professor destacou que o fundamentalismo defende uma ilusão de ordem permanente em detrimento da capacidade de mudanças, atenta aos sinais e desafios dos tempos. Nega a pluralidade, considerando-se portador único e absoluto da verdade.
“O fundamentalismo responde ao medo e à insegurança como regime seguro detentor da verdade única e eterna, como transmissão e oferta de uma solução para as crises, por meio de líderes autorizados e fortes. Nesta postura convergem as verdades, lideranças, projetos históricos e sobrenaturais”, destacou João Décio.
O professor lembrou que o fundamentalismo floresce em conjunturas de crise, onde o presente é visto como caos iminente, e se organiza a partir de líderes que se apresentam como salvadores. Seu fundamento último é uma realidade transcendente, como uma divindade ou lei suprema, que se posiciona como fonte de toda compreensão e ação histórica.
Por fim, a reflexão explorou a dimensão de poder absoluto, seja divino ou governamental, que dá origem a regimes teocráticos que se legitimam mediante uma verdade absoluta e inquestionável. Essa união de extremismos políticos e religiosos ameaça a democracia e a diversidade no Brasil.
A conjuntura da realidade rendeu um amplo debate entre os participantes do Fórum.
Lançamento do Projeto popular – no decorrer do Fórum, foi lançado o projeto popular “O Brasil que Queremos: o Bem Viver dos Povos”, que visa construir um Brasil mais justo e igualitário, e foi apresentado como uma ferramenta para mobilizar a sociedade em torno de um projeto comum. O projeto é fruto das iniciativas dos “Mutirões pela Vida: por Terra, Teto e Trabalho”, tema central da 6ª Semana Social Brasileira (2020-2024). “Chegamos a este dia de fechamento, mas também de início de nossa missão”, declarou Alessandra Miranda, secretária executiva da 6ª SSB, ao apresentar o documento do Projeto Popular.
Participaram do lançamento dom Reginaldo Andrietta, dom Limacedo Antônio da Silva, dom Jeová Elias Ferreira, frei Jorge Luiz Soares da Silva, assessor de Relações Institucionais e Governamentais da CNBB, Gilberto Carvalho, secretário nacional de Economia Popular e Solidária do Ministério do Trabalho e numerosos membros das pastorais sociais e organismos da ação sociotransformadora da Igreja.
Escuta das pastorais sociais, organismos e regionais – um espaço de diálogo foi aberto para ouvir as experiências e perspectivas das diferentes pastorais e organismos, buscando identificar as esperanças e desafios para a transformação social.
Processos de nucleação, formação e articulação no fortalecimento socioambiental – foram discutidas estratégias para fortalecer a atuação das pastorais sociais e organismos na defesa dos direitos humanos e da natureza e na promoção da justiça socioambiental.
A COP30 no Brasil foi tema de reflexão, considerando seus impactos positivos e negativos, especialmente sobre os povos do campo, das florestas e das águas, que enfrentam diversas violações. Debateu-se sobre as pautas da COP30, analisando as propostas do governo brasileiro, que apresentam contradições, principalmente nas questões climáticas e nos novos projetos de extração de petróleo.
Processos organizativos e de sustentabilidade – Questões como a formação de lideranças, a articulação entre as diferentes pastorais e a busca de captação de recursos financeiros foram abordadas, visando garantir a sustentabilidade das ações sociotransformadoras da Igreja.
A Cepast-CNBB reafirmou seu compromisso com a construção de um Brasil mais justo, fraterno e sustentável, e animou as pastorais sociais e organismos a se engajarem no Projeto Popular “O Brasil que Queremos: o Bem Viver dos Povos”, como um caminho possível para alcançar esse objetivo.