Francia Marquez participou da Jornada Latino-americana e Caribenha de Integração dos Povos, que reuniu cerca de 4 mil militantes, de mais de 20 países, em Foz do Iguaçu.
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Por Guilherme Araki
A Jornada Latino-americana e Caribenha de Integração dos Povos recebeu a vice-presidente da Colômbia, Francia Marquez, na manhã desta sexta (23). A liderança política apresentou uma análise da conjuntura atual do continente, e apontou a unidade como elemento central: “Esse é o momento da América Latina e Caribe propor uma unidade progressista, para propor saídas para acabar com as desigualdades e com as inseguranças que vivem nossa gente. Devemos nos unir de maneiras distintas para nos articular e poder enfrentar essas crises”.
A vice-presidente alertou para a importância da construção de um projeto que elimine o racismo e o machismo, combatendo também as mudanças climáticas e as desigualdades para alcançar a dignidade para todos os povos. Sobre o caminho para o projeto de integração, enfatizou: “Nossa união regional deve emergir do coração do povo”.
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Marquez participou se pronunciou durante uma conferência, ao lado de Roberto Baggio, membro da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da organização da Jornada, Irene de León, da Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade (RedH), e Juan Grabois, da Frente Pátria Grande (FPG/Argentina).
“Hoje é uma espécie de aquecimento, para nos prepararmos para andar passo a passo a longo prazo”, afirmou Baggio, se referindo à Jornada. O dirigente do MST apontou oito desafios para a esquerda nos próximos anos: retomar o trabalho de base permanente, tomar iniciativas nacionais de empoderamento produtivo popular, trabalhar uma perspectiva de ter a soberania alimentar, cuidar da natureza e da terra, massificar o processo de formação política, construir um conjunto de instrumentos para disputar a batalha das ideias, cultivar a solidariedade e o internacionalismo de classe e seguir combatendo e lutando contra as guerras, contra a presença bélica militar no continente.
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Juan Grabois, da Frente Pátria Grande, falou sobre os ataques aos direitos dos trabalhadores na Argentina e alertou para a necessidade de atenção em todo o continente. “Milei está realizando na Argentina um laboratório do que pode acontecer no resto da América Latina se os governos populares não cumprirem com suas funções”, afirmou.
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Como saída, o dirigente apontou para a unidade e internacionalismo. “Há uma guerra econômica sobre os povos latinos, se não houver uma união monetária, não vamos avançar”, completou.
“Não há nenhum elemento mais potente que uma América Latina e um Caribe unidos, com autossuficiência e autonomia. Temos tudo para construir a soberania energética, tudo para construir uma soberania alimentar”, finalizou Irene de León da RedH.
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A jornada continua com atividades até a noite desta sexta-feira (23), reunindo representantes de sindicatos, movimentos populares e organizações políticas de 25 países em Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.