Oficina com a arquiteta Raquel Ludemir abordou políticas públicas e moradia digna
Por Isabela Vieira*
No dia 5 de outubro, a Ação “Mulheres por reparação das dívidas sociais” realizou, de forma online, a “Formação sobre Políticas Públicas e Moradia Digna”, última oficina formativa de 2023. O encontro, que reuniu mobilizadoras e multiplicadoras do projeto, discutiu a falta de moradia, melhorias habitacionais e a violência enfrentada nas periferias.
A formação foi conduzida por Raquel Ludermir, arquiteta e urbanista que atua no campo da reforma urbana e direito à cidade e membro da Campanha Despejo Zero. No início do debate, foi proposto que cada uma falasse o que a moradia significa para si. Entre as respostas, a moradia foi definida como a porta de entrada de todos os direitos.
A arquiteta falou sobre políticas públicas e moradia digna e também trouxe para discussão a violência doméstica, em que muitas vezes o contexto de “dentro de casa” é esquecido, sendo um problema silenciado. Também falou sobre a violência patrimonial e a relação com a dívida com as mulheres. Além disso, Raquel trouxe a questão do tráfico, problema que, segundo a arquiteta, já não cabe somente ao Ministério das Cidades, pois envolve a justiça e os direitos humanos, mas acaba sendo invisibilizado.
Após a explanação, as participantes puderam compartilhar qual a realidade em relação à moradia enfrentada pelas comunidades em que estão inseridas. Lucirene Rocha, multiplicadora de Croatá (CE), destaca o desafio da segurança vivido em diversos conjuntos habitacionais. “Que criem casas e tornem a moradia acessível, mas que tenha segurança. Fica ruim ter uma casa e a violência vir junto com você, falta suporte pros moradores”.
Para a mobilizadora Marcela Vieira, de Manaus, a participação ativa e organizada de algumas comunidades ainda está em construção. “O problema de uma comunidade se replica na outra, a luta acaba sendo fragmentada. A Ação Mulheres proporciona a experiência de organização comunitária, que tem melhorado bastante”.
Mesmo com os problemas enfrentados nas comunidades como, por exemplo, o processo de regularização fundiária do território, a violência por parte da polícia e a discriminação contra as ocupações por parte da população, as participantes destacaram pontos positivos da Ação Mulheres.
Beth Silva, de Fortaleza (CE) fala sobre o fortalecimento dos pequenos grupos impulsionados pelas atividades da ação. “Juntas, as cartilhas que estudamos trazem a consciência crítica e política, e trouxe também grupos produtivos como o Sisteminha de segurança e soberania alimentar a partir da produção coletiva”.
Hellen Greicy Barbosa, da comunidade Nova Vida (AM), comentou sobre a postura das participantes do projeto diante de novos problemas.“A gente não tinha noção do que fazer, de como agir. Hoje estamos aptas a defender qualquer ação porque já conhecem os direitos por conta da Ação Mulheres”.
As iniciativas da Ação Mulheres por reparação das dívidas sociais contam com apoio do Ministério das Relações Exteriores Alemão, que garantiu ao Instituto de Relações Exteriores (IFA) recursos para implementação do Programa de Financiamentos Zivik (Zivik Funding Program).
As ações também integram o processo de fortalecimento da Rede Jubileu Sul Brasil e das suas organizações membro, contando ainda com apoios da Cafod, DKA, e cofinanciamento da União Europeia.
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*Supervisão por Flaviana Serafim