Por Ivo Poletto, do Fórum MCJS
Vivemos num tempo em que se tem a impressão de que a humanidade está andando para trás. Basta olhar o que está acontecendo com os direitos das pessoas e com o cuidado com o ambiente da vida. Os poucos senhores da riqueza financeira ultraliberal querem impor que esqueçamos dos direitos, deixando cada pessoa relacionar-se por conta própria com empregadores, providenciar tratamento de sua saúde, bancar seus estudos e sua aposentadoria.
É a radicalização do cada um por si e Deus…, bem, até ele os ricos querem do lado deles. Além disso, não aceitam que se exija cuidados com a natureza, já que seriam limites ao seu desejo de geração de riqueza sem fim.
Mas não é verdade que não se está caminhando para frente. A impressão de que se caminha para trás é criada pelo poder dos ricos de iludir e dominar a muitos na hora das eleições, levando-os a eleger candidatos treinados para mentir em relação ao que farão uma vez eleitos. Mesmo nesse campo, contudo, há os que decidem levar a sério a verdade e a democracia. Cuidado, então, na hora de decidir em quem você vai votar.
Os que estamos participando do curso internacional de imersão sobre energias renováveis que está sendo realizado em Cajazeiras, Paraíba, nos sentimos contribuindo com os povos, comunidades e pessoas do Peru, Bolívia e Brasil que continuam decididos a caminhar na direção da construção de sociedades de Bem Viver. Como sabemos, o Bem Viver é uma proposta de vida e de organização sociopolítica que tem
como fundamento relações de cooperação e de amor entre as pessoas e relações de cuidado e amor com a Mãe Terra. Não há como sermos felizes sem relações comunitárias e sem relações harmoniosas com a Terra.
Este curso de imersão está sendo realizado por pessoas que participam das iniciativas implementadas por fóruns que, no Peru, Bolívia e Brasil procuram unir as pessoas e comunidades para enfrentar o que causa as mudanças climáticas e para cuidar, ao mesmo tempo, da Terra e das pessoas que injustamente são mais afetadas por essas mudanças. Para isso, estamos nos capacitando para gerar iniciativas e para lutar por
políticas públicas em favor da geração de energia solar nas comunidades e nas casas, apressando o dia em que não serão mais usadas as águas dos rios, o carvão, o petróleo e o gás para gerar energia. Sabemos, por isso, e com alegria, que é caminhando que se faz caminho.