Por Ivo Poletto, do Fórum MCJS
Estão cada dia mais insistentes notícias de que o fogo está queimando florestas, e de que isso está acontecendo no verão do hemisfério norte e no inverno do hemisfério sul. A diferença está nas ondas de calor que atingem grandes regiões do hemisfério norte, aumentando a intensidade dos incêndios e provocando morte de pessoas e de muitos outros seres vivos.
Em nosso caso, o inverno da região sul se caracteriza cada dia mais com ondas de frio, e não mais com o intenso e prolongado frio de décadas atrás. Nas demais regiões, o que temos é o aumento do tempo de secas. Aumenta o tempo sem chuvas no bioma Cerrado, e a região sudeste experimenta os efeitos de longa estiagem. O que se viu nesta semana foi o choro de pessoas frente a morte de animais e à perda de safras inteiras de grãos.
É a isso que se deve a existência de mais de 216 mil focos de incêndio em nosso país desde janeiro de 2018, segundo programa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE, que monitora incêndios, indicando que houve um aumento de 52% em relação ao mesmo período de 2017. Os estados de Roraima, Moto Grosso e Tocantins respondem por 55% dos lugares com chamas.
Precisamos lembrar que focos de incêndios, maiores ou menores, significam, ao mesmo tempo, uma ameaça direta aos seres que vivem nas áreas atingidas e, o que é talvez ainda mais ameaçador, um reforço ao processo de aquecimento global do planeta. O aumento da temperatura da Terra provoca, como sabemos, o agravamento das mudanças climáticas, como chuvas mais intensas, ondas de calor e de frio, secas mais prolongadas, elevação do nível das águas dos mares, ventanias, furacões tropicais e extratropicais. Com isso, fecha-se um círculo vicioso: mais incêndios florestais aumentam a temperatura da Terra, e a temperatura mais alta aumenta a existência de secas, ondas de calor e, por isso, de mais incêndios florestais.
O que se deve fazer para enfrentar essa realidade ameaçadora? Com certeza a resposta não pode ser a de loucos, que propõem o corte de todas as árvores! Mas também não pode ser a prática de quase todos os candidatos a presidente do Brasil: silêncio e indiferença total! Precisamos dialogar com quem vamos eleger para que levem a sério a ameaça dos incêndios e lutem por leis e práticas que enfrentem o que está nos levando à ameaça de morrer queimados.