O Fospa é um espaço de articulação dos povos e movimentos sociais para a incidência e a resistência política e cultural frente ao modelo de desenvolvimento neoliberal, neocolonial, extrativista, discriminador, racista e patriarcal.

Imagem: Divulgação Fospa

Por Redação | Com informações do Fospa

O Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa) será realizado entre os dias 28 e 31 de julho em Belém (PA) e vai reunir um conjunto de movimentos, articulações e povos de toda a Pan-Amazônia, composta por nove países: Brasil, Venezuela, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa e Suriname.

Celebrando 20 anos de história, o Fospa estima receber neste ano aproximadamente cinco mil pessoas que vão se reunir para defender os territórios e autogoverno dos povos, nas florestas, rios, campos e cidades, além da luta para deter a destruição ambiental da Amazônia e o combate ao fascismo e autoritarismo impostos.

A programação oficial vai contar com várias modalidades de iniciativas: atividades autogestionadas, plenárias, atividades culturais, tendas e atividades coligadas, foram a lista com todas as opções de iniciativas que vão acontecer ao longo dos quatro dias de evento.

As atividades do Fospa serão realizadas no Campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), no bairro Guamá. O Instituto de Ciências Exatas e Naturais; o auditório do Centro de Eventos Benedito Nunes; o Instituto de Ciências Biológicas, e outras áreas da UFPA receberão os eventos.

A abertura do Fórum ocorre na quinta-feira, 28, no Centro de Eventos Benedito Nunes, às 15h. Dentro da programação, várias palestras irão compor o Fospa, levando um momento de luta e organização dos povos e movimentos sociais da Pan-Amazônia. Entre os temas está a crise climática, a defesa da floresta, a grilagem de terra e a destruição da sociobiodiversidade, entre outros.

Luiz Arnaldo Campos, membro da secretaria executiva do X Fospa, explica que o fórum vem para dar espaço e voz a todos os povos que compõem a amazônia. “Nós tivemos um grande esquenta do que vai ser o Fórum Social Pan-Amazônico, tivemos a representação dos povos indígenas, dos quilombolas, dos ribeirinhos e representação dos camponeses, ou seja, essas quatro grandes amazônias estiveram reunidas aqui falando das suas lutas e resistências, e de que forma o Fospa ajuda nessa resistência”, pontua. 

Casa dos Saberes e Sentires

Um destaque do espaço será a Casa dos Saberes e Sentires. Trata-se de um local temático inspirado nas casas centrais construídas dentro das comunidades indígenas. O espaço vai reunir movimentos, articulações e povos de toda a Amazônia e está organizado em cinco casas: Casa do Bem Comum, Casa dos Povos e Direitos, Casa de Territórios e Autonomia, Casa da Mãe Terra e Casa de Resistência das Mulheres.

Em entrevista para O liberal, jornal impresso de Belém (PA), Wender Tembé, liderança indígena do povo Tembé na Ilha Rara, localizada na terra indígena do Alto Rio Guamá, em Santa Luzia do Pará, avalia as iniciativas como fundamentais para sensibilizar os povos indígenas e toda a população, não só da Amazônia como também do país e do mundo. 

“A gente se preocupa com a Amazônia, por isso estamos aqui. E esperamos que tenha uma grande repercussão porque a Floresta Amazônica pede socorro e quem tem que socorrer são os humanos que moram dentro dela e também que usufruem dela. A gente não quer mineração, exploração das terras indígenas, a gente quer regularização das terras. A gente espera que o governo demarque nossas terrar, pare com a exploração de madeira, pare com o genocídio indígena, pare de perseguir as lideranças indígenas que são os guardiões da floresta. A Amazônia não é só dos indígenas, é de todo povo que habita nessa terra”, declara na reportagem.

Rede JSB no Fospa

Francisco Vladimir, articulador da Rede Jubileu Sul/Américas; Luis Fernando Novoa Garzon, professor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e Joilson Costa, Coordenador Executivo da Frente por uma Nova Política Energética para o Brasil, participam das atividades representando a Rede Jubileu Sul Brasil na defesa da justiça socioembiental e das reparações sociais necessárias diante do acúmulo de omissões e negligências governamentais sobre os povos da Amazônia e da biodiversidade que compõe a floresta.

Várias organizações membro, articulações e parceiros da Rede Jubileu Sul Brasil participam do Fospa. A Cáritas Brasileira terá 15 atividades autogestionadas. “As atividades foram pensadas para dar visibilidade às ações dos projetos que visam o fortalecimento das comunidades na defesa de seus territórios, direitos e do bem viver. Cada espaço garantirá participação dos povos tradicionais nas falas, debates e mística”, destaca a divulgação.

Imagem divulgação: Cáritas Brasileira

No dia 29 de julho, a Frente Brasileira Contra os Acordos Mercosul União Europeia e EFTA Mercosul, em parceria com Rebrip e Palataforma America Latina Mejor Sin TLC, realizam o Curso Regional Acordo Mercosul-UE: o que a Amazônia tem com isso? A atividade vai acontecer às 9h no Auditório do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Pará (ICSA-UFPA), próximo ao Portão 3. As inscrições estão abertas para participações: https://forms.gle/HDkMfcLtAmw4XWUo6

Imagem divulgação: Frente Brasileira Contra os Acordos Mercosul União Europeia e EFTA

No dia 29 de julho, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) organiza duas atividades: a primeira, às 10h (horário de Brasília), será organizada pelo Cimi – Regional Amazônia Ocidental e apresentará o tema “Golpe Verde: falsas soluções para o desastre climático”. Já no período da tarde, às 15h (horário de Brasília), lideranças indígenas e representantes da Equipe de Apoio aos Povos Livres (EAPIL), do Cimi, falarão sobre “Povos indígenas em isolamento voluntário: os desafios da proteção territorial”. 

Para o dia 30 de julho, também estão previstas atividades na agenda do Cimi, todas às 16h (horário de Brasília). “O estímulo ao garimpo: impactos nos territórios indígenas e processos de resistência na Amazônia” será organizada pelo Cimi, pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), pela Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), pelo Movimento Popular pela Soberania na Mineração (MAM) e pela Iglesas y Minería (IyM).

Imagem divulgação: Cimi

Também no dia 29 de julho, os organização que integram a campanha #agroéfogo, entre elas, Conselho Indigenista Missionário e Comissão Pastoral da Terra (CPT) realizam a Roda de Diálogo sobre “Incêndios criminosos e suas cicatrizes nas comunidades tradicionais”, a atividade acontece às 15h, na Casa Mãe Terra, sala 105 – Mirante do Rio (Novo Básico), Universidade Federal do Pará (UFPA).

Organizações da Pan-Amazônia lançam publicação sobre o registro de assassinatos de camponeses acontecidos nas regiões amazônicas de cinco países: Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Brasil, entre os anos de 2020 e 2022. Os países constituem juntos, mais de 85% do território da bacia amazônica. Essa atividade autogestionada será realizada no dia 30 de julho, na Casa dos Saberes e Direitos, às 16 horas, sala 106 (Mirante do Rio – Novo Básico).

Além do lançamento, a atividade vai tratar da experiência de mapeamento de conflitos socioterritoriais na Pan-amazônia, a partir da publicação lançada em 2020, durante o IX Fospa.

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